Publicado pelo portal Cosmo On Line 25/11/2003

A formação de uma rede regional de ações de prevenção e combate à violência doméstica, em especial a sexual, foi o objetivo do encontro realizado ontem pelo Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância (Crami-Campinas), uma Organização Não-Governamental (ONG) com representantes dos 19 municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC).

A meta, segundo Enza Mattar, coordenadora do Crami, é ampliar o Projeto Trilhas – que consiste em ações em defesa dos direitos de crianças e adolescentes – para as cidades da RMC, promovendo a capacitação dos profissionais que atuam na área. Ela explica que, desde 1997, o foco da entidade tem sido o atendimento às vítimas de abuso sexual, oferecendo assistência psicossocial, jurídica e médica, em parceria com o Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Segundo Enza, desde o ano passado, o Crami computou 75 casos de violência sexual, envolvendo crianças de zero a 18 anos, a maioria do sexo feminino (três casos envolvem meninos), de todas as classes sociais. Desse total, cinco ocorrências referem-se à exploração sexual e as demais são abusos ocorridos no ambiente doméstico, perpetradas em cerca de 95% dos casos pelo próprio pai da vítima. “As estatísticas em âmbito mundial mostram que na maioria dos casos, o abuso sexual é cometido pelo pai, e não pelo padrasto, como se supõe”. Outro mito que os dados desfazem é o de que a violência sexual afeta principalmente as camadas mais pobres da população. “O abuso sexual ocorre em todas as classes sociais, muitas vezes com a conivência da mãe e em famílias aparentemente acima de qualquer suspeita”, diz Enza.

http://www.cosmo.com.br/cidades/campinas/2003/11/25/materia_cps_70611.shtm

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