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Chove, chuva


Publicado pelo caderno Sinapse, da Folha de S. Paulo 25/11/2003

A escassez de água e o rodízio de abastecimento, instituído no mês passado em parte da região metropolitana de São Paulo, não são só um capricho da natureza, um azar provocado pela falta de chuva: têm a ver com todo mundo, incluindo você e os políticos que ajudou a eleger.

Cerca de 440 mil moradores de parte da Grande São Paulo estão recebendo água por 36 horas e ficando sem abastecimento por igual período. Não se sabe quando termina o racionamento.

Como é comum, tende-se a buscar só um culpado mais próximo e isolado para qualquer problema. No caso, seria a seca.

É claro que a falta de chuva agrava o problema. Mas, em questões ambientais, as relações são complexas e profundas. Geralmente, os distúrbios envolvem estilos de vida e formas de organização social —e São Paulo é apenas um exemplo do que acontece no Brasil e no mundo.

As razões de fundo para a falta de água estão relacionadas ao desperdício diário que cada um comete e ao mau uso do espaço urbano, com poluição industrial e doméstica de rios, invasão de mananciais, impermeabilização exagerada do solo (muito asfalto cobrindo o chão), deposição irregular de lixo e superpopulação.

O gasto desnecessário de água vem sendo comentado há muito tempo, mas, segundo especialistas das áreas hídrica, econômica e até psicológica, o combate a ele é equivocado, por ser baseado principalmente em campanhas publicitárias, em vez de em medidas que induzam a mudanças reais de comportamento.

Dados estaduais apontam que a Grande São Paulo desperdiça 1,8 bilhão de litros por dia —quase um terço do que é distribuído e suficiente para abastecer 3,7 milhões de pessoas por quase 48 horas. Do total desperdiçado, 1 bilhão de litros (56,6%) são atribuídos aos usuários. Outros 773,4 milhões escoam por furos dos canos da própria Sabesp.

Exemplos de outros países e estudos mostram que o combate ao desperdício deve ser mais amplo. As campanhas publicitárias realizadas pela Sabesp devem ter caráter permanente, não só no verão ou em momentos de crise, dizem os especialistas.

Mais ainda: essas campanhas não podem ser isoladas. É preciso oferecer alternativas concretas e induzir a população, por mecanismos legais ou por incentivos econômicos, a adotar equipamentos mais econômicos —bacias sanitárias, chuveiros e torneiras que gastam menos.

Estudos de psicologia mostram que as pessoas, em geral, não abrem mão de sua satisfação pessoal para pensar na coletividade. Trabalhos como o da psicóloga social Nancy Cardia —doutora pela London School of Economics, especialista em conflitos de cooperação e co-autora de obras sobre campanhas de educação pública para economia de água— demonstram esse egoísmo social.

Para agir, as massas precisam estar diante de uma situação de crise, como agora, ou então precisam ser estimuladas, com prêmios (descontos) ou com punições (multas).

Ricardo Toledo Silva, 52, professor titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, autor de documentos do Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água, concorda. "Houve, ao longo dos anos 80 e no início dos 90, uma idéia generalizada de que bandeiras ambientais teriam um poder sem precedentes de motivar atitudes altruísticas de parte da população, tendo em vista o bem comum e os direitos das gerações futuras a um ambiente saudável. No entanto a realidade não é bem essa. Passado o efeito emocional de algumas campanhas que mobilizam pessoas em torno de situações agudas, o comportamento volta a ser predatório, a menos que se imponham sanções severas." Segundo o professor, colocar uma placa ao lado da torneira, pedindo para fechá-la logo após o uso, funciona menos do que instalar um equipamento com fechamento automático, como se vê hoje.
Veja a matéria na íntegra em:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u649.shtml

Folha de São Paulo

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