Publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo 02/12/2003

O brasileiro está vivendo mais. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados ontem revelam que os nascidos no ano passado têm uma expectativa de vida de 71 anos, três meses a mais do que a estimativa de 2001. Da geração de 1980 para cá, o ganho foi de 8,5 anos. É a primeira vez, segundo o instituto, que as projeções anuais da Tábua da Vida ultrapassam a casa dos 70 anos, superior à média mundial de 65,4 anos.
O aumento da longevidade, porém, permanece menor no caso do sexo masculino.
Vítima preferencial das mortes por fatores externos, causadas, na maioria, por violência e acidentes de trânsito, o homem vive, em média, 67,3 anos, ante os 74,9 anos da mulher. De 2000 para o ano passado, porém, essa diferença caiu de 7,7 anos para 7,6 anos. Taxa que, segundo o gerente de Projeto de Dinâmica Demográfica do IBGE, Fernando Albuquerque, é bem superior à encontrada em países desenvolvidos, que varia entre 4 e 5 anos.
Além de incidir nos cálculos da Previdência (veja na página seguinte), a melhora na esperança de vida dos brasileiros exigirá cobertura maior das políticas voltadas para aos idosos. "Esse aumento terá impacto, principalmente, nos programas de saúde e assistência ao idoso e na Previdência. O País sempre foi muito jovem e agora devemos nos voltar para programas específicos para os mais velhos", diz o pesquisador.
Embora a expectativa de vida ao nascer do brasileiro esteja acima da média mundial, ele ressalta que o Brasil ocupa apenas a 88.ª posição no ranking da Organização das Nações Unidas (ONU). Entre os países da América Latina e Caribe, somos o 23.º, atrás, por exemplo, de Costa Rica (78,1 anos), Cuba (76,7 anos), Uruguai (75,3 anos) e Colômbia (72,2 anos). A lista da ONU é liderada pelo Japão, onde a esperança de vida está em 81,6 anos. A Zâmbia vem em último lugar, com 32,4 anos.
O cálculo da projeção de esperança de vida foi aperfeiçoado pelo IBGE neste ano em uma parceria com a ONU. Os pesquisadores revisaram os estatísticas desde 1980 e incorporaram informações do Censo 2000, os dados sobre nascimentos e óbitos do Registro Civil de 1999 a 2001 e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2001.
Violência - Na faixa de 20 a 25 anos, o impacto da violência na expectativa de vida entre os homens, de 1980 para cá, foi impressionante. Se no início daquela década a mulher vivia 2,1 anos a mais do que o homem, em 2002 a diferença foi ampliada em quase 100% ao pular para 4 anos.

http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/02/ger015.html

O Estado de São Paulo

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