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Amazônia pode ser fonte de CO2, diz estudo


Publicado pelo jornal Folha de S. Paulo 28/11/2003

Trechos da floresta amazônica, considerada por muito tempo uma garantia do planeta contra o aquecimento global, podem estar, na verdade, lançando na atmosfera --mais do que absorvendo-- o principal gás a causar o problema, de acordo com cientistas brasileiros e norte-americanos.

"Ainda não se sabe como a floresta atua na escala regional, mas estamos vendo que a variabilidade [em relação à absorção ou emissão de gás carbônico] é muito maior do que imaginávamos", diz Humberto Ribeiro da Rocha, 39, do Departamento de Ciências Atmosféricas do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP).

Ao lado de colegas da USP, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), da Universidade Harvard (EUA) e de outras instituições norte-americanas, Rocha é um dos autores do artigo que sai hoje na revista "Science" (www.sciencemag.org). A pesquisa mediu por três anos a saída e a entrada de gás carbônico (CO2) na Floresta Nacional do Tapajós, ao sul de Santarém, no Pará.

A intenção da equipe é mapear como os diversos processos biológicos da floresta interagem com a atmosfera ao longo do ano, emitindo ou absorvendo CO2. Feita a contabilidade final desses processos, o importante é saber o que predomina, já que o gás carbônico retém radiação do Sol na atmosfera do planeta e, por isso, é o principal vilão do aquecimento global, ou efeito estufa descontrolado.

Para isso, os cientistas usam sensores em torres de 60 m de altura, acima das árvores mais altas, que captam os gases que emanam da floresta e conseguem medi-los. Há também instrumentos que captam a emissão de CO2 do solo e o chamado método biométrico --nesse caso, o aumento dos troncos das árvores é usado para estimar quanto carbono elas precisaram absorver para crescer.

Até hoje, medições feitas com esses métodos perto de Manaus (AM) e em Rondônia, por exemplo, haviam sugerido que a mata mais seqüestrava do que liberava gás carbônico, numa proporção que ia de 1 a 5 toneladas por hectare por ano. "Esses resultados provavelmente foram superestimados, mas é quase certo que lá a floresta realmente esteja absorvendo carbono", diz Rocha.

A coisa mudou de figura, no entanto, quando a equipe examinou os dados de Santarém: nada menos que 1,3 tonelada por hectare de CO2 estava sendo lançada para a atmosfera pela floresta, anualmente. "Os dados biométricos apontaram 2 toneladas, já que têm um erro padrão grande, mas o que importa é o sinal [positivo em vez de negativo]", diz Rocha.

Esse, no entanto, é só o primeiro dos paradoxos observados na floresta. Por muito tempo acreditou-se que o ápice da absorção de carbono acontecia na época das chuvas, quando as plantas crescem mais e, portanto, usam mais CO2 para construir sua biomassa. A pesquisa, no entanto, revelou que isso acontecia na seca, enquanto a floresta "emagrecia" (perdia biomassa) na estação chuvosa.

"Esse é o grande xis da questão", diz o cientista espacial Volker Kirchhoff, 61, do Inpe, que também assina a pesquisa. "O que acontece é que um dos ciclos [o seco] está sendo menor que o outro." No caso, sugere a equipe, o fator que faz a diferença é a chamada liteira, a camada de folhas e material orgânico em decomposição que recobre o chão da floresta. "Os microrganismos que decompõem esse material precisam de um nível alto de umidade para operar", diz Rocha.
Leia a matéria na íntegra em:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u10651.shtml

Folha de São Paulo

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