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14 milhões de pessoas nunca foram à escola


Publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo 03/12/2003

Na investigação sobre a educação no Brasil, divulgada ontem, os técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) encontraram um contingente de 14 milhões de pessoas - a população do Estado do Rio - de 5 anos de idade ou mais que nunca freqüentaram uma sala de aula. O pior é que a presença na escola não garante nem sequer a alfabetização. Existiam 24 milhões de analfabetos na população de 5 anos ou mais.
Apesar de o número ter merecido destaque no estudo do IBGE, em geral a medição do analfabetismo considera a faixa a partir dos 10 anos, pois entre crianças menores estar alfabetizado é exceção. Mesmo assim o número é alto:
16,4 milhões dos brasileiros de 10 anos ou mais não sabem ler e escrever.
São 13,6%, contra 20% registrados em 1991.
Da população que não sabe o que é freqüentar a escola, 1,8 milhão tinha entre 5 e 6 anos em 2000. Estava fora da faixa etária na qual é obrigatório, por lei, estudar, embora a pré-escola seja considerada fundamental para a formação do estudante. Mas mesmo entre os adultos com mais de 25 anos o número dos que jamais estudaram é grande: 10,5 milhões, o equivalente à população paulistana.
São pessoas como Célia Ribeiro de Camargo, de 41 anos. Filha de uma família pobre do interior do Paraná, ela trabalhou na roça desde cedo com os dez irmãos e nunca freqüentou a escola. "Meus pais eram pobres e analfabetos, não achavam educação importante."
Célia, que hoje vive em São Paulo, lembra bem dos apuros que passou pelo fato de não saber ler. "Um dia precisei pegar o ônibus Pinheiros para voltar para casa. Achei que todo ônibus com as letras P e I era Pinheiros", conta.
No meio do trajeto, quase 21h30, notou que tinha pego o ônibus para o Jardim Peri (bairro distante de Pinheiros). "Liguei para o meu marido chorando, dizendo que não agüentava mais."
As coisas então começaram a mudar. Há quatro anos, Célia passou a freqüentar um curso de alfabetização montado pelo Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (Ibeac), que capacita moradores de áreas carentes a alfabetizarem os vizinhos. "No trabalho, me respeitam bem mais", diz. "As pessoas que nunca puderam ir para a escola não têm de ter vergonha. Têm mais é de estudar."
Os dados do IBGE evidenciam a desigualdade racial também na alfabetização:
11% da população branca é analfabeta, índice que sobe para 23,2% entre negros e para 30% entre índios. "Esse é o resultado de uma história de 500 anos de desprezo à população negra e de genocídio da indígena. Não podemos deixar que continue por mais cinco anos. Podemos, sim, abolir o analfabetismo em quatro anos e estamos cumprindo neste ano a nossa meta: 3 milhões de adultos em sala de aula", disse o ministro da Educação, Cristovam Buarque.
No trabalho, o IBGE ressalta que na faixa de estudo obrigatória, de 7 a 14 anos, houve um avanço importante na década de 90, com a queda do porcentual de crianças fora da escola de 20% em 1991 para 5,5% em 2000. A situação ainda é grave porque há 1,4 milhão de brasileiros de 7 a 14 anos fora da escola. O País tem exemplos extremos, como Jordão, Acre, onde 85,4% das crianças nunca freqüentaram a escola.
Pré-escola - Outra deficiência grave é o baixo acesso das crianças de 4 a 7 anos à escola - 4,1 milhões delas estão fora nessa situação, 31% do total dessa faixa etária. "As políticas educacionais estão falhando no ingresso ao pré-escolar, que ainda é muito importante para o ensino fundamental e a alfabetização. Os alunos estão chegando crus à escola", diz a chefe da Divisão de Indicadores Sociais do IBGE, Ana Lúcia Sabóia.
Com o ingresso tardio, crianças e jovens passam a ter dificuldades permanentes em acompanhar as aulas. Dos jovens de 15 a 17 anos que estudam, 55% ainda estão no ensino fundamental, quando já deveriam ter ingressado no ensino médio.
Na faixa de 20 a 24 anos, há 4 milhões de matriculados na escola e 12 milhões sem estudar. Do primeiro grupo, 37% ainda estão no ensino médio e 27% nem saíram do fundamental.

http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/03/ger028.html

O Estado de São Paulo

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