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Evite gafes ao dar presentes


Publicado pelo jornal Folha de S. Paulo 04/12/2003

Está aberta a temporada de presentes -e de expectativas, angústias, perdas e ganhos para quem vai dar, receber, comprar, vender. Para o comércio, que passou longe de um bom ano em 2003, a época concentra cerca de 30% do faturamento anual. Para o consumidor, inseguro com a situação econômica, a preocupação com os gastos ainda supera o impulso de comprar, em geral aguçado no fim de ano -a última pesquisa sobre intenções do consumidor feita pela Federação do Comércio de São Paulo indica um maior número de "pessimistas", com menor disposição para comprar. Mas, enquanto há afetos (e relações sociais), há esperança. Presente não é só um fato econômico nem uma invenção do mercado e da sociedade de consumo.

"Dar presente é uma instituição muito mais antiga que o próprio mercado. As comunidades primitivas já conheciam formas de presentear, como a troca de alimentos", diz o sociólogo José Carlos Durand, do Centro de Estudos da Cultura e do Consumo da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Presente é agrado, e "não há possibilidade de consolidar relações sem agrados, é o gesso que dá o grude à nossa capacidade de conviver", diz o filósofo e colunista da Folha Mario Sergio Cortella. O objeto é uma forma de fazer-se presente, querer ser lembrado (não por acaso, também é chamado de lembrança). Para tanto é preciso despender parte de seu tempo vital com o outro.

Um bom presente, diz Antonio Carlos Bramante, professor do Departamento de Estudos do Lazer da Unicamp, é aquele que foi longamente "matutado" para surpreender quem recebe. Isso exige doação de tempo, a mercadoria mais nobre. Como dá trabalho, a solução moderna é correr para o prático.

O presente pode ser dado sem ter sido escolhido, como o vale-CD, símbolo da impessoalidade. Talvez seja uma solução para presentear alguém que você não conheça -desde que não seja o Cortella: "Se é para ganhar um vale-CD, prefiro ganhar dinheiro e gastar como e onde quiser", diz ele.

Situações como essa são, para Durand, criadas por exigências comerciais que vão além da função social do presente. Isso começou, segundo ele, logo após a Segunda Guerra Mundial, quando a comunidade mercadológica (publicitários e lojistas) dos países desenvolvidos criou um calendário de comemorações obrigatórias, levando as pessoas a se presentearem independentemente das relações afetivas.

Já o presente não regulado por relações de mercado é aquele que você compra no momento em que aparece, para alguém de quem você gosta, diz Durand. O calendário impõe o constrangimento de presentear pessoas definidas em dias definidos e resulta no presente que vai ficar eternamente na gaveta ou será devolvido à loja no dia seguinte.

O fato é que, com ou sem mercado, na prática, todo mundo tem de dar presentes. Desde sempre. "Na antropologia, há o conceito de dom, dádiva já nas sociedades tribais", diz o filósofo e professor da USP Renato Janine Ribeiro. "No circuito de dom (o dar) e contradom (o receber), você ajeita a vida social."

Para Janine Ribeiro, até o mal-afamado amigo-secreto serve para dar uma "azeitada" no grupo, apesar de ter aquela característica meio selvagem do sorteio, no qual você sempre pode tirar quem não gosta e ser sorteado por quem não gosta de você. Bom, mas se tem de ser feito, que seja feito direito.
Veja a matéria na íntegra em:

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0412200309.htm

Folha de São Paulo

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