Idade não impede que mulheres emagreçam |
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Publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo 07/12/2003 |
Muita gente pensa que, depois da menopausa, só mesmo dietas radicais e remédios funcionam para perder peso. Errado. Dá para perder os quilos extras com mudança de hábitos, como provou pesquisa da Universidade de São Paulo (USP).
Por quatro meses, 17 mulheres de 51 a 72 anos, todas na pós-menopausa, mudaram o jeito como comiam e deixaram de lado o sedentarismo. Foram orientadas a se alimentar a cada três horas, sem beliscar nos intervalos. O programa de atividade física incluía três sessões por semana, combinando exercícios aeróbios (caminhada) e anaeróbios (ginástica localizada). Tudo foi feito sob orientação de nutricionistas e professores de educação física.
No fim do estudo, 14 mulheres tinham emagrecido - 8 perderam de 3% a 6% do peso corporal; 3, mais do que 6%, e 3 até 2% do peso. Pode parecer pouco, mas aqui a preocupação é com a saúde, numa faixa de idade em que é bom evitar as "dietas da moda" e tratamentos que envolvam risco maior. "Uma lipoaspiração tira no máximo 5% do peso da pessoa e não é isenta de riscos", diz a fisiologista do exercício e nutróloga Claudia Cezar, coordenadora do Núcleo de Estudos sobre Obesidade e Exercícios Físicos (Neobe) da USP, onde o estudo foi feito.
A contadora aposentada Benedita Pires Leite, de 69 anos, nunca imaginou que fosse perder 10 quilos depois da menopausa. Ela participou do estudo e adotou os novos hábitos. O emagrecimento foi lento - levou um ano e meio - mas controlou a pressão de Benedita e afastou as dores na coluna.
"Como tudo de que gosto, mas nas quantidades certas." Quituteira, Benê, como é conhecida, é famosa por suas cocadas. "Antes eu comia cinco ou dez cocadas de uma vez. Agora, fico satisfeita com uma ou duas. É uma reeducação."
O método de emagrecimento testado no estudo faz parte de um programa permanente do Neobe e de grupo semelhante nas Faculdades Integradas de Guarulhos, também coordenado por Claudia. Sem usar dieta ou remédios, o programa permite emagrecer 500 gramas por semana. O segredo é a orientação da nutricionista para chegar às porções certas para cada pessoa. "O objetivo não é estético, mas de saúde. É normal a mulher ter formas arredondadas e celulite", afirma Claudia.
A corretora de imóveis Edina Lafalce, de 48 anos, engordou 15 quilos na pós-menopausa. Desde setembro, participa do programa em Guarulhos. Já perdeu 4 quilos. "No começo engordei 400 gramas porque passei a comer mais, mas na terceira semana acertei as quantidades." Edina ganhou músculos na barriga e nas pernas. "É uma forma gostosa de emagrecer. Antes, tinha tentado por conta própria fechar a boca. Passava fome e me sentia mal."
Energia - Todo o peso que as mulheres perdem no programa é de gordura, explica Claudia. As dietas da moda que cortam o consumo de carboidratos (pães e massas) fazem o corpo perder massa muscular e, por isso, ficar mais leve. A nutróloga diz que os carboidratos são matéria-prima para o corpo produzir glicose, importante para o cérebro e a oxigenação de todo o organismo. Sem carboidrato para fabricar glicose, o fígado faz esse serviço. Só que, para isso, o órgão consome músculo, inclusive o do coração. Por isso, quem se atira em dietas pobres em carboidrato corre o risco, a longo prazo, de desenvolver arritmia. Os carboidratos precisam fazer parte de 60% do que as pessoas comem. As proteínas não devem ultrapassar 30% e as gorduras, 10%. E as dietas devem incluir ainda bastante verduras, legumes e frutas.
Como lembra o presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, Durval Ribas Filho, a obesidade é uma doença crônica que precisa ser tratada por toda a vida. "A obesidade é resultado de fatores múltiplos, incluindo o hereditário."
Nos consultórios médicos, alterações na alimentação são a primeira indicação para tratar o excesso de peso. Em segundo lugar, está a atividade física, seguida por psicoterapia, uso de medicamentos e, por último, cirurgia de redução do estômago, exclusivamente para os casos de obesidade mórbida.
http://txt.estado.com.br/editorias/2003/12/07/ger013.html
O Estado de São Paulo
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