> Sistema Documentação
> Memorial da Educação
> Temas Educacionais
> Temas Pedagógicos
> Recursos de Ensino
> Notícias por Temas
> Agenda
> Programa Sala de Leitura
> Publicações Online
> Concursos & Prêmios
> Diário Oficial
> Fundação Mario Covas
Boa noite
Quinta-Feira , 01 de Maio de 2025
>> Notícias
   
 
Praia esperta


Publicado no caderno Sinapse, da Folha de S.Paulo 16/12/2003

Lua crescente, praia de Pipa, 87 km ao sul de Natal (RN). A maré não estava para peixe, mas Alemão voltou do mar rindo de orelha a orelha. Acabara de comprovar que seu conhecimento de ventos, de estrelas e da natureza inteira pode lhe render mais que albacoras e baiacus.

O pescador foi um dos mestres das 30 oficinas que, de 29 de novembro a 4 de dezembro, transformaram aquele éden numa cidade-escola. Para o workshop sobre pesca em alto-mar, ministrado no barco a vela de Alemão, inscreveram-se três jovens suíços. Embarcaram de madrugada numa boa, torraram no sol e no sal em 12 horas de navegação e ainda "pagaram" matrícula de cem "garatuís" —o dinheiro cultural que, durante o período, circulou na vila para dar acesso às oficinas, medir as preferências da comunidade e, entre outras coisas, ajudar Alemão a avaliar o potencial turístico do seu saber.

Além de técnicas, tradições, artes e ofícios locais, os encontros envolveram expressão musical, plástica, corporal e poética; estudo de idiomas; e temas como turismo sustentável, preservação ambiental, direitos humanos, problemas sociais, educação a distância.

Mais de mil pessoas participaram da Rede Pipa Sabe —o primeiro teste, fora de São Paulo, do programa Cidade do Conhecimento, criado pela USP para difundir o saber e combater a exclusão social por meio da internet. Um dos saldos foi a instalação de um infocentro na praia, em apoio a projetos educacionais da região.

Que Pipa é especial meio mundo já sabe desde os anos 70, quando os surfistas chegaram e, além de ondas, encontraram falésias, dunas, piscinas naturais, golfinhos, um santuário ecológico com 120 hectares de mata atlântica e gente hospitaleira. Mas por que, entre tantos, esse arraial com 4.000 almas foi eleito para ser espetado por uma antena de banda larga e virar laboratório de uma moeda do conhecimento?

"Porque é uma maquete do Brasil, um microcosmo com os problemas e as potencialidades do país", diz Gilson Schwartz, diretor acadêmico da Cidade do Conhecimento e colunista do Sinapse.

Pipa é aldeia de pescador e aldeia global. Pessoas de vários países e Estados do Brasil vão chegando e ficando. A população flutuante, hoje, é de um turista para cada morador. A expansão do turismo ameaça a beleza natural e a identidade do lugar, fatores que arrastaram para lá, no início, um tipo diferenciado de viajante, menos predador.

O município de Tibau do Sul, ao qual Pipa pertence, cresce a uma taxa de 6,8% ao ano, informa Claudio Freire, 27, secretário de Turismo: "Os empreendimentos brotam sem planejamento, a riqueza exclui os nativos. Hoje, há só 19 barcos de pesca, antes eram 31, o ofício era passado de pai para filho. Os jovens preferem pescar no asfalto, as drogas são um problema. O turismo trouxe benefícios, mas esse processo precisa ser sustentável para durar". A missão da USP, expressa no documento oficial do projeto, é envolver a região na rede mundial, puxando talentos, incubando projetos, empreendimentos, produtos e serviços capazes de "liderar uma revolução cognitiva na cadeia produtiva do turismo local".
Leia a matéria na íntegra em:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u694.shtml

Folha de São Paulo

Para mais informações clique em AJUDA no menu.

 





Clique aqui para baixar o Acrobat Reader