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São Paulo, caldeirão fervente


Publicado pela revista Problemas Brasileiros jan/fev 2004

A capital paulista comemora, neste mês de janeiro, quatro séculos e meio de fundação. A origem da maior cidade brasileira, relembrada à exaustão em tom festivo, esconde porém informações importantes, misteriosamente ausentes dos livros didáticos. São fatos inquietantes, pouco divulgados ou propositalmente esquecidos, que esta reportagem registra, embora de forma passageira, e oferece à lembrança dos leitores.
É o caso do tratamento desumano dispensado a índios e negros, especialmente mulheres, e mais tarde aos imigrantes, num ensaio histórico para a realidade atual, em que milhões de vítimas da exclusão ocupam a vasta periferia da megalópole.
A exemplo dos inferiorizados daquela época, os menos favorecidos de hoje lutam para derrubar barreiras e participar das decisões que envolvem seu próprio destino.
É o que estas páginas procuram mostrar.
Festividades e discursos descontados, a comemoração do aniversário de 450 anos da cidade de São Paulo pode e deve ser tomada como privilegiado patamar para discussão do modo, dos meios e dos elementos que vieram formando, desde os primórdios da colonização, este imenso caldeirão racial e multicultural em que vivemos. Caberia, antes de mais nada, questionar a própria data histórica, retomando a velha polêmica de quase 200 anos sobre uma \"primeira fundação\" – a da fantasmática Vila de Piratininga, que teria sido fundada no planalto em 10 de outubro de 1532 por Martim Afonso de Sousa.
Não é nosso propósito, porém, aprofundar argumentos já solidificados por historiadores do porte de Varnhagen, Afonso de Taunay, Sérgio Buarque de Holanda, Ernani Silva Bruno, Jaime Cortesão, Afonso de Freitas e vários outros – mas que a rotina do ensino oficial insiste em desconhecer, continuando a passar a sucessivas gerações apenas uma data e um local: 25 de janeiro de 1554 e o outeiro que receberia mais tarde o nome de Pátio do Colégio. Ressaltamos, somente, a presença de portugueses nos Campos de Piratininga bem antes do início oficial da história de São Paulo – João Ramalho e outros, já empenhados na principal ocupação de prear e traficar escravos indígenas.
E se o estudo da formação populacional da metrópole não pode ser feito senão em termos de processos de assimilação, exclusão e disparidade dos vários segmentos que a constituíram, devemos lembrar que excluída já nasceu a brasílica colônia, como um todo, em relação a Portugal – interessada na sua bela do momento, a Índia das especiarias e dos brocados, a Coroa negligenciou a nova terra, permitindo que aqui se instalasse um tipo de colonização de exploração e não de povoamento. Mesmo a expedição dita \"povoadora\" de Martim Afonso tinha na verdade o objetivo nem tão secreto de procurar caminhos para as fabulosas minas de ouro e prata descritas por aventureiros espanhóis. Muito mais tarde, em 1572, Camões dava ainda testemunho desse descaso, dizendo: \"(...) a terra Santa Cruz, pouco sabida!\"
\"O vil gentio\"
O indígena, teoricamente \"senhor\" da terra, foi assim o primeiro elemento a ser excluído do grande banquete da civilização tropical. Ou melhor, foi ele, o temível canibal, o verdadeiro \"devorado\". Uma pergunta: como conseguiam naquelas décadas iniciais do século 16 uns poucos europeus aprisionar, manter em cativeiro e negociar levas de silvícolas, senão com a cumplicidade dos próprios caciques?
Simplificações do tipo \"branco extermina índio\" não levam em conta o fator de autodestruição implícito na dinâmica das sociedades indígenas – as contínuas e ferozes guerras entre as várias tribos e os costumes que incluíam a escravização dos inimigos e a antropofagia.
Veja a íntegra em:

http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=175&Artigo_ID=2622

Problemas Brasileiros

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