O desafio do ensino médio |
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Artigo de Carlos Araújo e Nildo Luzio no Jornal da Ciência 06/01/2004 |
A demanda pelo ensino médio vem crescendo fortemente. Hoje, são cerca de 9 milhões de estudantes no ensino regular. Nesse sentido, o desafio nacional é incorporar mais estudantes, com o melhor aprendizado. E qual é a situação hoje? Ela pode ser evidenciada nos indicadores produzidos pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Os dados indicam que 42% dos alunos do terceiro ano do ensino médio estão nos estágios ''muito crítico'' e ''crítico'' de desenvolvimento de habilidades e competências em Língua Portuguesa. São estudantes com dificuldades em leitura e interpretação de textos de gêneros variados. Não são leitores competentes e estão muito aquém do esperado para o final do ensino médio.
Os denominados ''adequados'' somam 5%. São os que demonstram habilidades de leitura de textos argumentativos mais complexos. Relacionam tese e argumentos em textos longos, estabelecem relação de causa e conseqüência, identificam efeitos de ironia ou humor em textos variados, efeitos de sentidos decorrentes do uso de uma palavra, expressão e da pontuação, além de reconhecerem marcas lingüísticas do código de um grupo social.
Entre 1995 e 2001, a média nacional de desempenho em Língua Portuguesa apresentou quedas constantes, caindo 10% em todo o período. No primeiro ano referido, as cinco regiões brasileiras estavam no estágio ''intermediário'', segundo a leitura das médias dos estudantes.
No último ano pesquisado, Norte e Nordeste caem para o estágio ''crítico'', justamente as regiões mais pobres do país. As demais, que estavam próximas do estágio adequado, em 1995, agora ficaram próximas do estágio ''crítico''. Ressalta-se que, hoje, nenhum Estado brasileiro apresenta média de desempenho ''adequada''; 17 encontram-se no estágio ''intermediário'' e 10 estão no ''crítico''.
A escala de desempenho do Saeb é única para cada disciplina investigada, descrevendo as habilidades e competências desenvolvidas pelos estudantes na quarta e na oitava séries do ensino fundamental e no terceiro ano do ensino médio.
É possível fazer comparações entre as séries, isto é, avaliar quanto os estudantes agregaram de conhecimento nos três anos de ensino médio. Cerca de 74% dos alunos apenas consolidaram níveis de habilidades e competências, em leitura, considerados adequados entre a quarta e a sétima séries do ensino fundamental e 21% adquiriram somente as habilidades características da oitava série.
Os números evidenciam que pouco conhecimento foi adicionado após três anos de ensino médio, desnudando a falta de eficiência desse nível.
Algumas características dos alunos brasileiros ajudam a entender o problema. Os estudantes de desempenho ''muito crítico'', em sua maioria, 76%, estão matriculados no ensino noturno, 96% em escolas públicas, 48% conciliam trabalho e estudo e 84% têm idade acima da considerada ideal para a série. São filhos de mães com baixa escolaridade.
Veja a íntegra em:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=15252
Jornal da Ciência
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