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O amanhã é nosso


Publicado pela revista Carta Capital 13/01/2004

Vários autores brasileiros já pensaram sobre a ficção científica (FC) e sua história, como Raul Fiker (Ficção Científica – Ficção, Ciência ou uma Épica de Época? , L&PM, 1985), Gilberto Schoereder (Ficção Científica, Francisco Alves, 1986), Léo Godoy Otero (Introdução a uma História da Ficção Científica, Lua Nova, 1987) e Braulio Tavares (O Que É Ficção Científica, Brasiliense, 1992). Essas obras, porém, foram breves introduções ou guias de leitura para fãs do gênero, presas demais a seus critérios e convenções.

A obra de Roberto de Sousa Causo, Ficção Científica, Fantasia e Horror no Brasil, 1875 a 1950 (UFMG, 2003), projeto orientado por professores da Faculdade de Letras da USP, é a primeira a abordar especificamente a FC no Brasil e a considerar a teoria literária e a história social para colocá-la em um contexto mais amplo. Sem nada da estrutura rígida e indigesta de uma típica tese acadêmica é uma leitura agradável e reveladora para aficionados da FC e da cultura brasileira e uma nova referência para historiadores da cultura e críticos literários.


Como marco inaugural do romance científico no Brasil, Causo indica O Doutor Benignus (1875), de Augusto Emílio Zaluar, escrito para jornais do Rio de Janeiro. Foi confessadamente influenciado por Júlio Verne e pelo astrônomo Camille Flammarion, mas já mostrava características típicas das primeiras gerações de assimilação brasileira do gênero.

Ao contrário dos heróis de H. G. Wells e Verne, prontos a aplicar com ousadia as descobertas científicas de sua época e defender especulações ainda mais arrojadas, a ciência do dr. Benignus é passiva e contemplativa. Sua ocupação é exibir erudição e sugerir utopias redentoras, como a fundação de uma comunidade em uma ilha da América Central, na qual as “nações principais” atrairiam “à civilização, pela santa comunhão do trabalho, as raças ainda mergulhadas na indolência e no barbarismo”.

No início do folhetim, o desiludido Benignus se isola do convívio humano em uma fazenda de Minas Gerais. Ao descobrir, porém, um papiro com uma inscrição indígena que sugere vida no Sol, lança-se a uma expedição ao interior do Brasil que vai dar na Ilha do Bananal. Reúne, para isso, recursos tecnológicos modernos, mas quase não faz uso deles. A maior parte da história reside na descrição da natureza e de suas atrações e perigos, aos quais o distraído doutor sobrevive graças à coragem e ao senso prático de Katini, seu fiel cozinheiro peruano.

O toque especulativo vem do sonho de Benignus com a visita de um ser espiritual proveniente do Sol que o cumprimenta por sua “impaciência de saber” e o exorta a infiltrar o bem na alma de seus semelhantes. Mas, no final, o leitor descobre que o misterioso papiro havia sido forjado por Katini para arrancá-lo de sua melancolia e desesperança. O saldo material da aventura é que Benignus e seu patrocinador norte-americano – o engenheiro James Wathon – juntam-se para criar uma companhia agrícola e industrial na Ilha do Bananal, na qual os filhos do doutor serão “grandes proprietários agrícolas” e Katini o intendente.
Veja a íntegra em:

http://cartacapital.terra.com.br/site/exibe_materia.php?id_materia=1199

Revista Carta Capital

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