> Sistema Documentação
> Memorial da Educação
> Temas Educacionais
> Temas Pedagógicos
> Recursos de Ensino
> Notícias por Temas
> Agenda
> Programa Sala de Leitura
> Publicações Online
> Concursos & Prêmios
> Diário Oficial
> Fundação Mario Covas
Boa tarde
Quarta-Feira , 15 de Maio de 2024
>> Notícias
   
 
Preocupações dos jovens: comida e dieta


Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 19/01/2004

O estudante Rodrigo Cunha, de 14 anos, não gosta do próprio corpo. Acha que tem quadril largo, coxas grossas e que está acima do peso - há seis meses estava com 100 quilos distribuídos em 1,80 metro de altura. Entrou para a associação Vigilantes do Peso em julho e perdeu 8 quilos.
Rodrigo comprova estudo do Núcleo de Transtornos Alimentares e Obesidades (Nuttra), segundo o qual 75% dos jovens estão insatisfeitos com seus corpos.
Diretora do Nuttra e chefe do setor de Transtornos Alimentares da Santa Casa de Misericórdia, a psiquiatra Paula Melin entrevistou 3.152 adolescentes com idades entre 13 e 20 anos. Setenta por cento não apresenta hábitos alimentares saudáveis, embora nove entre dez tenham respondido que pensam o dia todo em comida, peso e dieta.
\"Não esperávamos um porcentual tão grande de insatisfação quanto ao próprio corpo e ainda achávamos que esse sentimento fosse predominante nas mulheres.
A pesquisa mostrou que praticamente não há diferença entre meninos e meninas\", disse a médica. De acordo com Paula, nem nos Estados Unidos os índices de insatisfação são tão altos.
Para chegar à sua meta - 90 quilos -, Rodrigo dá quatro voltas diárias em torno do Estádio do Maracanã. \"Mas se excedo a cota de pontos, bebo água o resto do dia\", confessa. Esse comportamento é que preocupa a médica. \"O problema de quem faz regimes é que 35% deles evoluem para dietas patológicas. Podem se transformar em anorexia, bulimia, compulsão\".
A estudante Vivian Pastorino Dutra, hoje com 22 anos, pesava 89 quilos aos 15 anos. Depois de uma temporada num spa, em que emagreceu apenas 2 quilos, começou a tomar laxantes e anfetamina. Em outubro de 2002, passou a vomitar o que comia. \"Era horrível, minha mãe ficava na janela do banheiro, pedindo para eu parar. Mas eu não fazia por vontade própria.\"
Vivian se sentia culpada quando comia. Esse sentimento atinge 78% das jovens ouvidas por Paula Melin contra 44% dos rapazes. \"Se eu ia a um rodízio de massas, eu vomitava antes mesmo de sair do restaurante.\"
A estudante de psicologia se trata no setor de Transtorno Alimentar (TA) da Santa Casa, toma dois antidepressivos, tem acompanhamento psiquiátrico, psicológico, endocrinológico e nutricional. Controlou a gastrite e se curou da anemia. Anota tudo o que come e relata como se sentia no momento em que se alimentou. \"Já estou sem vomitar há cinco meses, mas ainda não consegui largar o laxante, que tomo todos os dias.\"
Kamila Ayres, de 12 anos, também freqüenta o TA. Ela passou a sofrer de anorexia depois que, aos 9 anos, foi obrigada a se submeter à dieta para reduzir a taxa de triglicerídios. Pesava 56 quilos e media 1,50 metro.
\"Comecei a controlar tudo o que eu comia. Antes de dormir já pensava no que eu ia comer no dia seguinte, nas refeições que eu ia pular\", conta. Na escola, Kamila jogava a merenda fora. Só aceitava brincar de correr, \"para desgastar\". \"Eu não me achava magra ou feia\", diz. Em julho passado, com 30 quilos, ficou internada por uma semana depois de um desmaio.
As terapeutas do TA recomendaram que Kamila deixasse de ir à escola, para que os pais pudessem ajudá-la a seguir o tratamento. Ela já come melhor, mas diz que ainda falta \"ganhar um pouquinho de peso para ficar normal\". \"Vou usar essa experiência como base para a minha vida. Já vivi os dois extremos.\"
Cirurgias - A insatisfação com o próprio corpo também tem levado os jovens cada vez mais cedo para as clínicas de cirurgia plástica.
De acordo com o cirurgião Ricardo Cavalcanti, diretor-geral da clínica Vitée e membro das Sociedades Brasileira e de Cirurgia Plástica, em oito meses houve aumento de 30% da procura por cirurgias em jovens de 18 a 21 anos.
Descontente com o formato do nariz, a estudante Gabriela de Oliveira Schweitzer, de 18 anos, já pensou várias vezes em enfrentar o bisturi. \"Ele parece uma coxinha. Vivem me chamando de porquinho. Não combina com meu rosto\", reclama. Mas a plástica não será para já e pode nem ocorrer: \"Quem sabe com o tempo não acabe gostando dele?\"

http://txt.estado.com.br/editorias/2004/01/19/ger009.html

O Estado de São Paulo

Para mais informações clique em AJUDA no menu.

 





Clique aqui para baixar o Acrobat Reader