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Sobre Aprendizado e Paradoxos


Artigo de Antonio Rafael da Silva no Jornal da Ciência 22/01/2004

Ou o sistema político brasileiro não tem a responsabilidade que deveria ter com o seu país, ou seus mandatários há 500 anos continuam a trabalhar o interesse próprio

Antonio Rafael da Silva é professor titular da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e conselheiro da SBPC. Artigo escrito para o 'JC e-mail':

Um dos apelos mais importantes à educação é a predisposição para o aprendizado. Levo-o ao pé da letra e sempre com grande proveito.

Um dos pilares mais importantes para o aprendizado humano é a reflexão que um paradoxo enseja. Ilustro com exemplos de um e de outro como forma de contribuir com o que chamo de apelo à sensatez.

Em 1973, estava tratando um caso de tétano numa criança de 5 anos chamada Joãozinho. Sorrateiramente cheguei à enfermaria na hora da refeição dos pacientes, pois me avisaram que sua avó, dona Marly, o alimentava, ferindo determinação médica de dieta zero por via oral.

De longe ouvi dona Marly dizer: "Joãozinho chupa o algodão". Aproximei-me e a recriminei vigorosamente: "Não é para alimentar a criança, pois ela pode aspirar alimentos, fazer uma pneumonia e morrer!"

Calmamente a senhora retirou dos lábios de seu neto o algodão embebido em leite e me falou: "Doutor, tenha paciência, eu sei quando o Joãozinho vai ter os tremeliques. Eu só dou o leite quando sei que ele está bem. Vá por mim". Aprendi com dona Marly uma boa lição e a utilizo até hoje.

O meu primeiro contato com a palavra paradoxo deu-se na década de 60, ao assistir o espetáculo 'Liberdade, Liberdade', de Flávio Rangel e Millor Fernandes.

O filósofo Miguel Unamuno era reitor da Universidade de Salamanca quando ouviu do general Milan Astray, fascista espanhol, as seguintes palavras: "O fascismo vai restaurar a saúde da Espanha. Abaixo a inteligência! Viva a morte!".

Unamuno: "Desejo comentar, neste recinto sagrado, o discurso insensato do general Milan Astray. Eu que passei toda a minha vida dando forma a paradoxos devo declarar-vos, aos 72 anos, que um tal paradoxo me é repulsivo. Causa-me dó que um mutilado de guerra esteja formando a psicologia da massa. Um aleijado (e não há nesta afirmativa o menor sentido pejorativo), destituído da grandeza espiritual de um Cervantes, que também o era, tende a procurar alívio causando mutilações em torno de si.'

Unamuno foi preso e morreu dois meses depois.

Graham Bell, físico e eletricista escocês, inventou o telefone para facilitar a comunicação entre os homens, nações e interesses. O aperfeiçoamento das fibras óticas e os satélites encurtaram ainda mais as distâncias e melhoraram o som.

Vieram os telefones móveis, os celulares e a Internet, tudo para facilitar ainda mais. Paradoxalmente, quanto mais se permitiu a comunicação mais o homem ficou sem tempo para si. Até nos teatros, nos cinemas e nas salas de aula o telefone toca.

Moral da história: O homem está sendo incapaz de utilizar a ciência e a tecnologia para libertar-se do tempo, ter mais lazer e ser mais livre.
Leia a íntegra em:

http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=15624

Jornal da Ciência

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