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Quando o problema não é o aluno


Publicado no caderno Sinapse na Folha de S.Paulo 27/01/2004

André Novotny, 13, é apaixonado por história e ciências. Coleciona pedras, navega com desenvoltura pela internet, faz pesquisas sobre o corpo humano e quer se preparar para estudar medicina. Essa é uma forma de contar a história de André. Há outra. O menino percebeu, cedo, que a escola pode ser um lugar penoso. Teve dificuldades para seguir o ritmo de seus colegas, acumulou insucessos em português e matemática. Sempre tentou aprender, mas começou a se achar incapaz. Passou a andar com outros estudantes que também não iam bem nos estudos, alguns já marcados pela reprovação.

Entre uma e outra versão, está a escola e sua incapacidade de lidar com as várias facetas e com os vários ritmos da aprendizagem. André, que hoje é um bom aluno da Escola Prima, na zona sul de São Paulo, teve a sorte de encontrar educadores que se dispuseram a atendê-lo individualmente, a levantar sua auto-estima e a mostrar que ele poderia aprender por outros caminhos.

"As dificuldades de aprendizagem raramente têm origens apenas cognitivas, mas suas causas articulam-se dentro da escola e da família", diz a psicopedagoga Maria Luísa Carvalho de Almeida Sampaio. Autora da dissertação de mestrado "Em Busca de um Sentido para o Aprendizado Escolar", apresentada na Faculdade de Educação da USP, ela diz que são comuns casos como o do adolescente tímido colocado em um colégio altamente competitivo; ou o do menino louco por esportes que, pelos pais, deveria ser formado como um lorde inglês.

"Em geral, a escola quer atender um aluno ideal, que não existe, e tem grandes dificuldades para lidar tanto com o que está abaixo como com o que está acima da média", diz a psicóloga Maria Cristina Mantovanini, doutora em educação pela USP e consultora de escolas particulares. No livro "Professores e Alunos-Problema: Um Círculo Vicioso" (Editora Casa do Psicólogo, 2001), ela traçou um diagnóstico das dificuldades de aprendizagem e confrontou a percepção que professores do ensino fundamental tinham de seus alunos. "Quanto mais o professor se sente despreparado para lidar com o problema, mais transfere as dificuldades para o aluno", conclui.

Os problemas de aprendizagem possuem muitas causas. Podem estar relacionados ao contexto emocional vivido pelos alunos em casa ou na escola, às questões de metodologia de ensino ou a transtornos de aprendizagem. Até pouco tempo atrás, muitos obstáculos de origem física, como deficiências na audição ou na visão, nem sequer eram diagnosticados.

Augusto Ribeiro de Carvalho Júnior, 14, passou por vários especialistas e chegou a perder um ano de escola, até que teve diagnosticada uma dislexia. Hoje, recebe apoio no CAD (Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento) e leva uma vida escolar normal. "Gosto muito de nadar, andar de bicicleta, ler revistas e estudar", conta Augusto, que concluiu a sétima série em 2003.

Até o final do ano, de acordo com as estimativas do MEC (Ministério da Educação), mais de 160 mil alunos dos ensinos fundamental e médio de escolas particulares brasileiras deverão ser reprovados por não atingirem níveis mínimos de aproveitamento escolar. Mas as dificuldades causadas pelos chamados transtornos de aprendizagem respondem pela menor parte dos problemas de fracasso escolar.

Para a psicóloga Nádia Bossa, autora de "Fracasso Escolar: Um Olhar Psicopedagógico" (Artmed), o insucesso do estudante deve ser entendido como o fracasso da escola em lidar com a diversidade. "Em uma sala de aula, existem 30 ou 40 singularidades, das quais o professor espera uma resposta única", diz. "Se há muitas maneiras de aprender, também devem existir muitas formas de ensinar", avalia.

De acordo com Nádia, em mais da metade dos casos que atende em seu consultório, a origem dos problemas está relacionada diretamente à forma de ensino ou é agravada pelas questões didáticas. "A primeira tentativa da escola para tratar das dificuldades de aprendizagem é fazer um plano de estudos, como se a questão fosse apenas estudar mais, mas isso raramente resolve a questão", diz.
Leia a íntegra em:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u723.shtml

Folha de S.Paulo

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