Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 30/01/2004

O mais novo projeto para mudar a Avenida Tucuruvi foi elaborado por uma organização não-governamental (ONG) formada somente por estudantes. A iniciativa é uma das atividades realizadas na região por adolescentes que resolveram investir parte do tempo nos cuidados com a escola e com o bairro onde vivem.
Em 1999, eram apenas três alunas que desejavam formar um grupo para conscientizar outros estudantes sobre os cuidados com o meio ambiente no Educandário São Paulo da Cruz, localizado na Avenida Tucuruvi. Hoje, são cerca de 50 adolescentes, reunidos na ONG Educológico. A presidente da entidade, Nádia Oliver Doro, de 16 anos, conta que o primeiro trabalho do grupo foi o combate à sujeira deixada pelos alunos no pátio. "Filmamos o lugar antes, durante e depois do recreio. O pessoal ficou um pouco assustado e hoje a limpeza melhorou bastante", explica.
Além do vídeo, das faixas e dos avisos no sistema de som, a ONG iniciou o programa Recicla Certo. Para completar o trabalho, pais e moradores da região também têm acesso ao ponto de coleta instalado no local. De acordo com o professor de geografia Sylvio Tamoyo, que acompanha o grupo, o dinheiro arrecadado com a venda do material paga os programas do Educológico.
Um desses é o Teatro na Trilha, no qual estudantes de escolas públicas de Mairiporã são convidados para assistir a uma peça sobre o meio ambiente.
Entretanto, a prioridade deste ano é transformar a paisagem nas redondezas da escola. "Quando saímos do colégio, percebemos que a Avenida Tucuruvi está um pouquinho suja", afirma Nádia. "O problema maior é com os comerciantes."
Justamente por isso o grupo de alunos fez uma visita ao comércio local.
Entre os pedidos, está o fim da distribuição de panfletos. "Vamos começar um projeto para arborizar a avenida", relata a presidente. Mas antes de iniciar o plantio, o grupo já percebeu a necessidade de incentivar a formação de uma associação de lojistas, até hoje inexistente. "O bairro tem uma boa infra-estrutura e uma certa harmonia", diz Nádia, com otimismo e orgulho por morar na região.
No Educandário, outra iniciativa visa a aproximar os pais da escola e da população local. No grupo Formae, cerca de 25 mães de alunos se reúnem às sextas-feiras para atividades de formação espiritual, cursos e ações sociais. Os chás e outras atividades beneficentes arrecadarão fundos para um projeto de formação com moradores carentes do Jardim Fontalis.
Jaçanã - Já na Escola Municipal de Ensino Fundamental Alberto Santos Dumont, localizada no distrito do Jaçanã, mudar a realidade é um desafio transmitido pelas ondas do rádio. O adolescente William Fernandes, de 15 anos, é o responsável pela Rádio Dumont, que em 2004 vai ampliar a programação transmitida pelas caixas de som instaladas no pátio do colégio.
O jovem participou do programa Educom.rádio, um projeto da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. Hoje, é um dos responsáveis por levar ao ar programas que incentivam ações de solidariedade e valorizem a convivência dos alunos dentro da escola.
"Montamos um grêmio para movimentar a rádio", comenta Fernandes.
Uma das primeiras ações realizadas foi um concurso entre as meninas do colégio. A idéia é selecionar três com habilidade em canto e dança, que comandarão um programa diário. "Já estamos na reta final da seleção. Foram 250 meninas inscritas", comenta William. Além do programa com os novos talentos, rádio-teatro, jornal e concursos de poesia devem ocupar os alto-falantes na hora do intervalo.

http://txt.estado.com.br/suplementos/seub-norte/2004/01/30/seub-norte011.html

O Estado de São Paulo

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