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Escola de caligrafia resiste há 4 gerações


Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 03/02/2004

Na rua que mostra marcas da decadência do centro, cheia de lojas de motos, parece improvável encontrar uma antiga escola de caligrafia. Mas ali está ela, no número 724 da General Osório. A Escola de Caligrafia De Franco foi fundada em 1915 na mesma rua e ocupa o atual endereço desde 1932, no antigo prédio da fábrica de violões Giannini.
O portão de ferro trabalhado, o hall com imenso pé-direito e o chão azulejado denunciam o passado. A escola que ocupa o térreo e dois andares atravessou quatro gerações de "Antônios" De Franco. Já recebeu integrantes das mais tradicionais famílias paulistanas, como os Matarazzo. A sala de aula mantém móveis da época da inauguração. Há uma velha máquina de escrever Remington, para preencher ordens de pagamento. Computador, nem pensar.
"Os homens continuam melhores que as máquinas", filosofa Antônio de Franco, de 54 anos, neto do fundador homônimo e cujo filho, também Antônio, de 19 anos, já dá aulas de caligrafia. "Você pode pegar a melhor fotografia, mas um óleo sobre tela sempre terá mais valor. É a diferença entre o computador e a caligrafia."
Na era da tecnologia é surpreendente encontrar a antiga sala de aula cheia de alunos escrevendo devagarinho sobre as laudas com linhas paralelas nitidamente impressas para guiar a mão. "Uma das fases do curso é aprender a dominar os espaços", explica De Franco.
Aos 29 anos, a arquiteta Silvia Berezutchim freqüenta as aulas para produzir convites de formatura e outras peças que exijam o trabalho artístico de um calígrafo. Sua primeira encomenda foi escrever etiquetas de arquivos da Prefeitura catalogados para a comemoração do 450 anos da cidade.
O professor de inglês Leopoldo da Silva Martins cansou de ouvir: "O tio tem letra feia!" "Faço o curso por pressão das crianças." Foi também a profissão que levou o advogado Carlos Storino a se matricular. "No escritório só uso o computador e fui perdendo a escrita", diz. "Tinha vergonha de fazer anotações na frente dos clientes. Uma letra apresentável melhora a imagem."
Para Jonas Cau, de 18 anos, a preocupação foi o vestibular. "A caligrafia conta e, se perder um ponto, mil concorrentes passam na minha frente", diz.
"A caligrafia foi tirada do currículo em 1950. Temos duas gerações sem orientação", diz o professor. "Mas não adianta ter conhecimento se você não consegue transmiti-lo graficamente." O curso custa R$ 160,00 e dura de dois a dez meses, de acordo com o nível que o aluno quer atingir. História de amor - Se os primeiros traços de caligrafia dos De Franco tivessem sido preservados, contariam uma história de amor que teve início na Itália, em 1860. Ida Nobile De Franco, nobre que vivia num castelo ao norte de Veneza, apaixonou-se por um plebeu.
Sem consentimento da família para casar, fugiu com o pretendente para o Brasil.
Ida fundou em São Paulo a escola particular Ítalo-Brasileira e dava aulas de caligrafia para damas e cavalheiros da sociedade, conta o bisneto Antônio.
"Ela chegou a fazer o discurso de boas-vindas a d. Pedro II em uma de suas visitas a São Paulo", diz. "Seguimos a tradição da família. Tomamos sopa de letrinha desde pequenos", brinca.

http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/03/ger019.html

O Estado de São Paulo

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