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Doença grave incentivada na internet


Publicado pela Revista Veja 08/02/2004

A internet é um espaço aberto a todo tipo de manifestação, inclusive as muito negativas. Tirando proveito do anonimato, pululam sites ligados a organizações racistas e nazistas, ao comércio de pornografia infantil e até a grupos terroristas. Mesmo nessa enxurrada de vilania, choca a existência de tantos endereços dedicados a incentivar a anorexia e a bulimia, graves distúrbios alimentares de ordem psicológica, capazes de levar à morte. Em uma rápida busca pela internet, encontram-se mais de cinqüenta sites, blogs e grupos de discussão em português enaltecendo as doenças. Há mais páginas na internet incentivando a anorexia e a bulimia do que sites de orientação médica sobre o assunto. Com idéias importadas dos Estados Unidos (em inglês há centenas de sites desse tipo), defendem a tese enganadora de que a anorexia não é uma doença, mas um estilo de vida e uma escolha. Esse tipo de apelo é especialmente perigoso, porque o distúrbio atinge sobretudo as jovens entre 12 e 20 anos, idade em que as pessoas são mais vulneráveis a discursos extravagantes.
Os sites dão dicas de dietas ultra-radicais, ensinam o que fazer para driblar a fome e até mesmo como enganar os pais para que eles não percebam o problema. Também trocam experiências sobre o uso de diuréticos, laxantes, hormônios de tireóide e pílulas para emagrecer. A anorexia é tratada como uma "amiguinha", a quem chamam carinhosamente de Ana. A bulimia – quando o doente come compulsivamente e depois vomita a comida para evitar engordar – é apelidada de Mia. Ambas são tidas como aliadas no sonho de alcançar um corpo esquelético. Daí os nomes sugestivos dos sites: Amiga Anna, Miss Anna, Amo Anna, Miss Diet Soda, Diet for Ever. Algumas das dietas sugeridas se resumem a 400 calorias por dia – menos do que recebiam os prisioneiros do campo de concentração de Treblinka na II Guerra. "Terça e quarta eu fiz jejum. Quinta comi uma pêra e uma maçã. Na sexta, só uma saladinha", vangloria-se uma garota que usa o apelido de Maneka 36. Também defendem a prática do "no food", períodos de até sete dias em jejum, bebendo apenas água. As páginas são ilustradas com fotos de mulheres magérrimas, ossos à mostra, e algumas celebridades femininas de notável magreza.
Para atingir seu ideal de beleza, as integrantes da turma da Ana e da Mia dizem que para emagrecer e ficar linda é preciso ter nojo de comida. "Para os médicos, anorexia pode ser uma doença, mas para mim é um estilo de vida", disse a VEJA uma estudante de direito de Brasília que se identifica como Aninha. Criadora de um grupo de discussão na internet que já tem a participação de quase 300 garotas, a estudante não acha que possa prejudicar alguém com suas idéias descabidas. "Ninguém é obrigado a participar." Aos 19 anos, 1,68 metro de altura, Aninha pesa 56 quilos e quer chegar aos 48, mesmo que isso traga sérios riscos a sua saúde. Certa vez tentou fazer um jejum de sete dias, mas só agüentou três. "O importante é atingir meu objetivo principal: emagrecer", diz.
Na vida real, anorexia é um distúrbio com elevadíssima taxa de mortalidade, em torno dos 20%. É mais que os 15% de óbitos por câncer de mama. Estima-se que no Brasil bulimia e anorexia afetem 100.000 adolescentes, dos quais 90% são garotas. Os dois grupos de maior risco são as estudantes de balé e as aspirantes a modelo, duas atividades banidas para as gordinhas. As mortes ocorrem principalmente por parada cardíaca, insuficiência renal e suicídio. "Anorexia e bulimia são um problema crescente no Brasil e no mundo. Dentre as doenças psiquiátricas, são as que causam mais mortes", diz a psiquiatra Paula Melin, diretora do Núcleo de Transtornos Alimentares e Obesidade (Nuttra), do Rio de Janeiro. Para Paula, a existência dos sites pró-anorexia é reflexo de uma cultura doentia que exalta o corpo e a aparência acima de qualquer outra consideração. "Vivemos na era da satanização do gordo", comenta a psiquiatra. "Os jovens têm medo de ser discriminados e excluídos por estarem acima do peso. Daí a obsessão por perder peso rápido."
Leia a matéria na íntegra em:

http://veja.abril.com.br/110204/p_090.html

Revista Veja

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