Novo teatro no coração da cidade |
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Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 11/02/2004 |
Quem passa diante do galpão situado no número 1.623 da Rua da Consolação - entre a Avenida Paulista e a Rua Maria Antônia - não imagina o que aquele portão de armazém esconde. Lá dentro, um grupo de teatro trabalha duro há meses. Não, eles não estão ensaiando uma tragédia de Shakespeare ou de Nelson Rodrigues - até porque peças desses dois autores já fazem parte do currículo da companhia fundada em 1983 por Roberto Rosa, Luiz Casado e Sérgio Audi. Com a ajuda de "um mutirão de artistas amigos", eles se empenham em transformar um velho galpão abandonado, que encontraram cheio de entulho e sucata, num muito bem equipado espaço.
Graças ao esforço e competência desse mutirão de artistas, ao patrocínio das construtoras Bancoop e TS, e ao apoio de 21 empresas, os atores da Cia.
Fábrica de Teatro inauguram amanhã o Fábrica São Paulo, com a reestréia do espetáculo A Falecida, de Nelson Rodrigues, em apresentação especial para convidados. A partir de amanhã, a peça e a nova casa estarão abertas ao público. A direção é do inglês Robert McCrea. No elenco, está o trio de fundadores da companhia e a atriz Raquel Tamoio.
É Rosa quem recebe a reportagem do Estado no galpão de 1.250 metros quadrados, ainda em obras, que no passado abrigara a pioneira indústria de rádios Invictus, fabricante do primeiro televisor do País, em 1951. A dimensão do espaço é a primeira surpresa. Quem vê a fachada, não supõe a existência de uma área interna tão generosa. Logo no hall de entrada, uma curiosidade. Ao lado da bilheteria, uma parede de vidro separa o saguão dos camarins, o que permitirá ao espectador, enquanto aguarda o início do espetáculo, ver o elenco se preparando para entrar em cena. "É uma forma de desmistificar o trabalho do ator", observa Rosa. "Mas vamos instalar uma persiana, que pode ser fechada no caso de uma companhia convidada não gostar da idéia ou ainda queira controlar o momento de sua abertura."
Na sala de espetáculos, chama atenção a boa disposição espacial - a visão de palco é excelente de qualquer ponto da platéia. Se bem que, nessa visita, sete dias antes da inauguração, era possível circular mas não sentar em todos os pontos da platéia. As cadeiras estavam sendo confeccionadas por um grupo de atrizes, um trabalho artesanal. Espalhadas pelo teatro, estavam 4 quilômetros das fitas com que são fabricados os cintos de segurança, apoio da Geotex. Trançadas numa bonita trama em torno da armação de aço da arquibancada, aos poucos iam se transformando em cadeiras confortáveis e seguras. "Aqui não basta ter a idéia, é preciso correr atrás do material e, uma vez conseguido, trabalhar com ele", observa Rosa.
Foi assim que o grupo conseguiu o equivalente a cerca de R$ 100 mil em doações. Apoios fundamentais como da GE (lâmpadas), Incepa (louças sanitárias), Baxmann (acessórios para sanitários de deficientes físicos), Eucatex (tintas), entre outros. Só de aço e alumínio foram sete toneladas conseguidas com o Grupo Votorantim. "Por enquanto, temos essa arquibancada com 140 lugares. Mas, no futuro, serão três platéias móveis, de forma que o palco possa ganhar diferentes formas."
Apesar de todos esses apoios, a reforma do espaço teve lances dramáticos como a entrada de uma caixa d'água de 15 mil litros. "Parecia trabalho de escravos do Egito", lembra Rosa. "Embora o teatro esteja do lado do Corpo de Bombeiros, a lei exige que tenhamos a capacidade de combater um incêndio durante meia hora. Como queríamos fazer tudo dentro das especificações, conseguimos a caixa d'água. Mas como colocá-la ela aqui dentro? Pela porta da frente vimos que não seria possível."
Leia a íntegra em:
http://txt.estado.com.br/editorias/2004/02/11/cad036.html
O Estado de São Paulo
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