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Cantares de perda e predileção


Artigo de Gabriel Chalita no site da SEE/SP 10/02/2004

“Quero demais morrer segurando a mão de Lygia (Fagundes Telles), porque sei que ela vai entender tudo nessa hora H. Ela vai dizer: ‘Hilda, fique calma e tal que é assim mesmo’”. Esse depoimento tocante, concedido pela poeta Hilda de Almeida Prado Hilst aos editores do Cadernos de Literatura Brasileira nº 8, publicado em 1999, expõe, mais do que um desejo, a certeza de uma amizade eterna. De um sentimento abençoado pelos laços do amor fraterno, da prosa e da poesia. Infelizmente, a vontade manifestada por Hilda não chegou a ser concretizada. A autora, de 73 anos, faleceu na madrugada da última quarta-feira, no Hospital da Universidade de Campinas, vítima de falência múltipla dos órgãos, decorrente de seu estado de saúde há muito debilitado.
Foram 41 livros publicados, alguns deles vencedores dos prêmios literários mais importantes do País. A literatura está de luto, como deveria estar todo o Brasil. Perdemos uma das personalidades mais fantásticas e fascinantes de nossas letras. Uma sedutora em potencial, que nos arrebatava pela sua palavra sempre visceral, originalíssima, fruto de seu espírito inquieto. Seus textos obedeciam, na maioria das vezes, apenas ao mundo sem leis do fluxo de consciência, resultando em uma experiência que explodia em páginas surpreendentes.
O sagrado, o profano, o erótico, o metafísico, o religioso... Tudo era matéria para a nossa verdadeira “Hilda furacão”. Personagem real que transbordava inteira nas entrelinhas de seus textos. Ela era, com freqüência, a representação da fúria da natureza, mas também poderia representar, paradoxalmente, algumas de suas manifestações mais delicadas, como a “pluma” e a “flor” – feliz definição usada pelo historiador Jorge Coli, ou uma “Estrela Aldebarã”, como a chamou Carlos Drummond de Andrade em soneto dedicado a ela.
O que nos consola é a certeza de que essa artífice das letras tenha seguido a profecia drummondiana, partindo para constelações acostumadas com a intensidade de seu brilho. Esperamos que, depois de tanta luta, Hilda esteja finalmente habitando esferas e dimensões povoadas por seres superiores, mais preparados para receber sua arte inovadora, radical, repleta de invocações ao divino e de questionamentos sobre a vida, a morte e a natureza das coisas.
Até porque, por essas bandas da Terra, ainda causa tristeza saber que depois de uma existência inteira dedicada à literatura, nossa “Estrela Aldebarã”, já no fim da vida, tivesse de suportar o peso do rótulo de autora “hermética”. Embora tenha sido traduzida para o francês e para o italiano, a extensa obra de Hilda não encontrava, em seu próprio País, o reconhecimento merecido. Por esse motivo, nos anos 90, a poeta resolveu radicalizar em tom irônico e polêmico, escrevendo sua trilogia considerada pornográfica, composta pelos livros O caderno rosa de Lori Lamby, Contos d’ Escárnio/Textos Grotescos e Cartas de um sedutor.
Independentemente do estilo que seguia, a formação religiosa – Hilda estudou em colégio de freiras na infância – influenciou, segundo a própria autora, toda a sua obra. “A minha literatura fala basicamente desse inefável, o tempo todo. Mesmo na pornografia, eu insisto nisso. Posso blasfemar muito, mas o meu negócio é o sagrado. É Deus mesmo, meu negócio é com Deus”, afirmou.
Leia o artigo na íntegra em:

http://www.educacao.sp.gov.br/artigo_sec/i_palavra_sec_2004_02_10.asp

Secretaria de Estado da Educação

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