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Artigo de Antônio Gois no site Aprendiz 26/02/2004 |
O Inep, órgão do MEC, divulgou uma estatística interessante: mostrou que, em todo o Brasil em 2002, as universidades públicas e privadas registraram que 105 mil vagas oferecidas em cursos de preparação de professores não foram preenchidas.
A maior parte dessas vagas não preenchidas, como era de se esperar, estava na rede privada. No entanto, quando se analisa apenas a rede pública, verifica-se que de um total de 12 mil vagas não preenchidas, mais da metade (6,5 mil) era em cursos da área da educação.
Essa informação contrasta com outra divulgada no ano passado pelo mesmo instituto, que mostrava que havia um déficit de 250 mil professores na educação brasileira. Segundo esse estudo, o Brasil precisa hoje de aproximadamente 700 mil professores. As universidades, públicas e privadas, formaram nos últimos 12 anos, no entanto, apenas 450 mil professores.
Trocando em miúdos, dá para concluir a partir dessas estatísticas que a carreira de professor no Brasil projeta um quadro de desemprego zero para os próximos anos. Num país com crescente desemprego, era de se esperar que essa perspectiva atraísse milhares de jovens para as faculdades de formação de professores.
No entanto, como mostram essas estatísticas, não é isso o que está acontecendo. Mesmo em universidades públicas, onde o ensino é gratuito, sobram vagas para quem pretende seguir a carreira de professor.
Uma conclusão óbvia a partir da comparação dessas informações é que para resolver o problema da formação de professores no Brasil não basta abrir mais cursos superiores para formar mestres.
Se a profissão de professor não voltar a ser valorizada, o grau de atração das carreiras ligadas ao magistério tende a ser quase nulo. Para valorizar, a primeira medida é, sem dúvida nenhuma, aumentar os salários.
Mas talvez isso só não baste. A valorização do professor passa também pela valorização da escola e, em última instância, de toda a educação. Se a sociedade brasileira não acreditar que a tarefa de ensinar é uma das mais nobres, a profissão continuará perdendo prestígio e candidatos a uma vaga nas universidades.
http://www2.uol.com.br/aprendiz/colunas/agois/index.shtml
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