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Publicado pela Revista Veja 02/03/2004 |
Existe uma longa (e quase esquecida) tradição filosófica, que começa na Grécia clássica, empenhada em refletir sobre a vida e a morte – ou, mais precisamente, sobre como remover os obstáculos que nos impedem de viver e morrer bem. Há também uma corruptela moderna, e altamente lucrativa, dessa tradição – a auto-ajuda, que trocou a reflexão pelo tom e pelas simplificações dos manuais. Entre esses dois extremos, encontra-se algo raro, que o best-seller Perdas & Ganhos, lançado no ano passado pela escritora Lya Luft, exemplifica. Perdas & Ganhos fala das armadilhas que nós próprios criamos, e que se interpõem entre nós e a fruição plena da vida. Fala do medo da velhice e do quanto ele é injustificado, da desorientação diante da educação dos filhos, da falta de tempo e de como desperdiçamos o pouco que temos em frivolidades, dos rancores passados que ainda norteiam o presente, do fim às vezes inevitável dos casamentos, dos arrependimentos pelas oportunidades que julgamos perdidas. Fala, também, das rasteiras que vez por outra a vida nos passa, como nascer num lar infeliz ou o sofrimento com a morte de pessoas queridas. Fala, claro, das coisas boas da existência humana – especialmente as ligadas ao amor, em todas as suas formas. Não por acaso, muitos dos leitores do livro de Lya o têm usado como fonte de aconselhamento. Se, à primeira vista, isso parece caracterizar o trabalho da autora gaúcha como representante do segmento de auto-ajuda, um exame um pouco mais atento não demora a dispersar essa impressão – que Lya, aliás, abomina. \"A auto-ajuda pretende ensinar as pessoas a serem felizes. Eu quero provocar meus leitores e fazer com que eles pensem\", diz. Para tanto, ela se vale de um tom que reproduz o de uma conversa íntima: em uma prosa serena e de polimento nitidamente literário, a autora troca idéias com o leitor, faz reflexões, rememora episódios de sua vida, conta casos que lhe foram transmitidos por outros e emite opiniões – opiniões, frise-se, não conselhos.
Trata-se de um casamento feliz entre forma e conteúdo, ao qual o público reagiu de imediato. Lya varreu as livrarias do país como um pé-de-vento: chegou sem aviso e deixou um bocado desarrumada a tradicionalmente estável lista dos campeões nacionais de popularidade. Num mercado editorial em que vendas contadas às dezenas de milhares são um feito de destaque, a escritora gaúcha ultrapassou com facilidade a casa da centena. Já há 150.000 exemplares de Perdas & Ganhos nas mãos dos leitores. Nem há sinal de calmaria no horizonte: no início de fevereiro, o livro voltou ao primeiro posto da relação de mais vendidos de VEJA, na categoria ficção, que tem freqüentado assiduamente nos últimos oito meses e de onde desbancou o antes inexcedível Paulo Coelho. Agora, seus direitos vêm sendo negociados também para o teatro, com a atriz Regina Duarte entre os principais interessados. Perdas & Ganhos é o 14º livro de Lya, e o primeiro em seus 24 anos de carreira a atingir repercussão e números desse porte. Mas não deve ser o último. Em 5 de março, as primeiras 40.000 cópias do próximo trabalho da escritora, Pensar É Transgredir, chegam às prateleiras das livrarias de todo o Brasil – e não se espera que demorem a sair delas.
Dois capítulos em especial de Pensar É Transgredir demonstram quanto Lya tem o pulso de seus leitores.
Leia a matéria na íntegra em:
http://veja.abril.uol.com.br/030304/p_068.html
Revista Veja
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