USP estuda adoção de cotas |
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Publicado pelo jornal Folha de S.Paulo 01/03/2004 |
A USP (Universidade de São Paulo) estuda adotar a política de cotas, como reivindicou a manifestação feita pela ONG Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescentes e Carentes) nesta segunda-feira (1º), no campus da instituição.
De acordo com a pró-reitora de graduação da universidade, Sonia Teresinha de Sousa Penin, haverá um ciclo de discussão sobre o assunto entre abril e maio. Diferentemente do que a Educafro pede, as cotas seriam estendidas às faixas menos favorecidas da população, e não apenas aos negros.
Sonia afirma ainda que a questão da inclusão precisa passar pela qualidade do ensino médio público. "Temos um estudo que diz que 60% dos alunos que passam no vestibular fazem pelo menos um semestre de cursinho", afirmou.
O Cruesp (conselho que reúne os reitores da USP, Unicamp e Unesp) encaminhou à Secretaria de Justiça um projeto que cria um quarto ano opcional no ensino médio. O período adicional serviria como curso pré-vestibular e teria apoio das universidades públicas estaduais. A Secretaria de Educação também foi informada sobre o assunto. Ainda não está definido como as instituições agiriam.
Outra idéia que a USP tem é induzir uma maior participação dos alunos nos cursinhos em que a instituição possui parceria. "A questão de cotas é complexa. Não dá para dizer apenas que somos contra ou a favor. Tem de haver uma inclusão geral", disse Sonia.
Manifestação
Em protesto contra a não adoção de cotas na USP, 70 negros se acorrentaram por 70 minutos em frente à reitoria da universidade nesta segunda. O número faz referência ao aniversário da instituição, que completa 70 anos em 2004.
Antes do acorrentamento, os manifestantes passaram por salas de aula das faculdades de Economia e Administração, Politécnica e Comunicação e Artes. A intenção era expor o assunto aos estudantes. "Alguns alunos gostaram e até se integraram ao movimento. Outros viraram as costas e disseram que tinham coisas mais importantes a fazer", disse um dos coordenadores da Educafro, Rogério da Silva. Segundo a entidade, cerca de 400 pessoas acompanharam o acorrentamento.
A Educafro expôs os seguintes números: 79,43% dos universitários da USP são brancos, 8,34% são pardos e 1,3% são negros. Pelo censo, os afrodescendentes somam 46,5% da população brasileira.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u15118.shtml
Folha de São Paulo
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