Água: patrimônio, recurso, vida e preocupação |
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Publicado pela Revista do Terceiro Setor 12/03/2004 |
A fonte da vida não é inesgotável. A água, cada vez mais, vem sendo objeto de debates, preocupações e interesses. Vislumbra-se um futuro sombrio – fruto de desperdício, crescimento populacional exponencial e desleixo – em que povos se enfrentem pelo domínio de reservas naturais. Em breve, ela poderá ser - e muito provavelmente será - pivô de guerras, dona de um valor econômico estratosférico e de uma importância social ainda maior.
Não é de hoje que se aborda a sua importância. A cada ano, às vésperas do Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, os debates acerca de temas como "manejo integrado de recursos hídricos", "privatização da água", "cobrança pelo uso", "saneamento" e "soberania sobre reservatórios", entre outros, se acirram. Cenários e temores voltam à tona e apressam a corrida por soluções. No Brasil, este ano, um componente de peso vem se somar a esta equação: a Campanha da Fraternidade 2004, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que entre seus principais pontos pede mudanças em conceitos usados na legislação referente à água.
Todos estes debates têm na base uma única motivação: o medo de que a água acabe no mundo. E, a respeito disso, faz-se necessária uma explicação: a quantidade de água, desde que os seres humanos começaram a viver no planeta, é e sempre foi a mesma; e vai continuar sendo durante séculos. O que muda - e, então, pode ser visto como problema digno de temor - é a disponibilidade da água, o ritmo em que ela se repõe na natureza. Ou, como explica Demóstenes Romano, coordenador do Projeto Gente Cuidando de Águas, "o que acontece é que ela está cada vez mais longe da gente; os aqüíferos estão mais baixos; a água está indo mais rápido para os mares".
O ciclo hidrológico
As águas normalmente usadas pelos seres humanos são retiradas de rios, lagos, minas etc., as chamadas águas superficiais. Ou seja, água doce retirada dos corpos d'água situados acima da superfície terrestre. No entanto, para estas águas estarem disponíveis, todo um ciclo ocorre, envolvendo evaporação, condensação, chuvas, absorção pelos solos, até chegarem aos aqüíferos, tempo para "reabastecimento" das minas, corrida das águas para o mar etc. Esses processos demoram - alguns mais, outros menos.
Porém o ritmo da natureza não é o mesmo do crescimento populacional humano, que - aliado a desperdício, poluição crescente dos corpos d'água e solos cada vez mais impermeabilizados – é o grande vilão da questão. O aumento no número de habitantes do planeta foi, por exemplo, citado em estudo publicado em março do ano passado pelas Nações Unidas. Segundo o documento, produzido pelo Programa Mundial de Avaliação dos Recursos Hídricos (cuja secretaria está a cargo da Unesco), "na pior das hipóteses, sete bilhões de pessoas em 60 países estarão enfrentando falta de água na metade deste século. Na melhor das hipóteses, dois bilhões de pessoas em 48 países estarão nesta situação. Isto vai depender de fatores como o crescimento populacional e o desenvolvimento de políticas".
Outras perspectivas ruins foram apontadas por pesquisa do Programa para Assentamentos Humanos (Habitat), da ONU. Em outubro de 2003, o órgão divulgou relatório sobre água e saneamento ambiental no mundo segundo o qual mais de um bilhão de pessoas nos países em desenvolvimento estão sem água segura para beber. Quase três bilhões de indivíduos vivem sem acesso a saneamento adequado. E tudo isso tem a ver com o mesmo assunto: acesso das pessoas à água.
Disponível no sítio da Secretaria Nacional dos Recursos Hídricos, ligada ao Ibama, estudo realizado sobre os possíveis cenários da gestão de recursos hídricos no Brasil entre 2000 e 2005 não enxerga possibilidades mais otimistas. No cenário crítico vislumbrado, o agravamento da falta de água nas grandes e médias cidades, "onde se deve concentrar o aumento da urbanização"; "racionamento energético"; "aumento de perdas econômicas devido às enchentes e aos gastos inadequados com a construção de canais urbanos".
Veja a íntegra em:
http://arruda.rits.org.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.apresentacao.ServletDeSecao?codigoDaSecao=3&dataDoJornal=atual
Revista do Terceiro Setor
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