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Dobra o número de meninas na Febem '


Publicado pelo jornal Folha de S.Paulo 21/03/2004

"Fui eu quem quis, ninguém me influenciou", diz a primeira. "Foi pelo dinheiro fácil", afirma a outra. "Gostava de andar na moda", explica a terceira. "Só queria baladas", diz a seguinte.

Nos relatos, não existe o papel de vítimas. Assumem a responsabilidade pelos crimes que cometeram --roubo qualificado e tráfico de drogas são os principais-- com uma maturidade que contrasta com a voz fina, tranças e enfeites no cabelo.

São meninas, internas na Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) de São Paulo, e fazem parte de um fenômeno preocupante de aumento da participação de garotas na criminalidade e do que pessoas ligadas à área definem como "emancipação feminina mal canalizada".

As estatísticas preocupam e já colocaram setores da Febem em alerta. O número de garotas cumprindo medidas socioeducativas na instituição --internação provisória, internação e semiliberdade-- dobrou em relação ao início do novo século.

Eram 289 meninas em fevereiro último --106,4% a mais do que no mesmo mês de 2001. Apesar de ainda serem a maioria, os garotos registraram um aumento de 49,3% nesse mesmo período.

Os registros de jovens que passaram pela Febem --muitos já foram transferidos para o programa de liberdade assistida-- também confirmam a tendência.

Em 2003, 809 garotas passaram pela instituição, 34,1% a mais em relação a 2001 --quando esses dados começaram a ser computados pela fundação. Novamente, os meninos registram um índice de crescimento abaixo do das garotas no mesmo período: 23,5%.

Mesmos motivos

Os relatos das meninas não são muito diferentes do que dizem os garotos. "É a mesma lógica do consumo. Boa parte não vive em situação de miserabilidade, mas entra para o crime porque quer tênis importado, roupa da moda", diz Marília Moreira Graciano, diretora do internato da Mooca (zona leste de São Paulo). A unidade de internação abriga meninas com perfil primário e reincidente graves.

Apesar de a Febem não possuir um perfil socioeconômico dos jovens, Marcus Alexandre da Silva, diretor da UIP (Unidade de Internação Provisória) --uma espécie de porta de entrada das meninas na instituição--, também na Mooca, afirma que cresce o número de internas pertencentes à classe média baixa.

Até a liderança no ranking dos crimes mais comuns se repete entre meninos e meninas. Os cinco principais delitos --roubo qualificado, tráfico de drogas, furto, roubo simples e descumprimento de medida socioeducativa-- são os mesmos.

A principal diferença, no entanto, está no tráfico de drogas. Ele foi responsável por 19,7% das passagens de meninas pela Febem em 2003. Em relação aos garotos, esse índice foi de 11,8%.

"Para o tráfico, as mulheres têm mais chance de passar despercebidas pela vigilância policial", afirma o delegado Ivaney Cayres de Souza, diretor do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos).

Depoimentos de pessoas ligadas à área e das próprias internas revelam que a participação de meninas no tráfico e em outros crimes não é tão secundária e que a figura da adolescente indefesa que entrou no crime por causa do envolvimento emocional com um bandido é discutível.

"Esse mito tem de ser revisto. Essa influência é uma idéia ultrapassada", afirma Karyna Batista Sposato, diretora-executiva do Ilanud (Instituto Latino Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente). Para ela, a garota também está sujeita às tentações do consumo. "Assim como os meninos, as meninas também querem ter determinados bens."
Leia a matéria na íntegra em:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u91716.shtml

Folha de São Paulo

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