SIEEESP prevê fechamento de escolas particulares |
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Publicado pelo site da Folha Online 20/03/2004 |
O presidente do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo), José Augusto Mattos Lourenço, prevê que cerca de 30% dos estabelecimentos de pré-escola e ensinos fundamental e médio fechem as portas dentro de três anos. O setor emprega atualmente cerca de 360 mil professores em mais de 6.000 escolas no Estado.
A previsão foi feita depois da análise de um censo escolar encomendado pelo Sieeesp, com base em dados do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), Secretaria Estadual de Educação e Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).
Segundo o censo, o número de escolas particulares cresceu 135,8% no Estado de São Paulo (de 2.564 para 6.047) entre 1996 e 2003. No mesmo período, a quantidade de alunos nessas instituições subiu apenas 14,8% (de 1,133 milhão para 1,301 milhão).
Entre 2002 e 2003, o número de escolas particulares cresceu 6,52%, enquanto a quantidade de alunos aumentou 1,88% --seguindo a tendência registrada nos últimos sete anos.
Crise econômica
"Não estamos perdendo alunos para a rede pública, como se acreditava", afirmou o presidente do sindicato. "O que há é uma migração muito grande dos alunos entre as particulares. Só vão sobreviver as escolas que conseguirem gerenciar muito bem os gastos", analisa Lourenço, que diz não ter um estudo sobre as eventuais demissões no setor.
Uma das alternativas para superar a crise, segundo Lourenço, é a fusão --tanto de classes quanto das próprias instituições. Segundo dados do sindicato, os estabelecimentos com mais de 500 alunos representam 11,9% do total no Estado, mas concentram 49,8% dos alunos. As escolas com até cem alunos são 52,8% e possuem apenas 10,1% dos estudantes.
Lourenço aponta como problemas para o setor --além da concorrência acirrada-- a falta de crescimento econômico do país. Ainda não há a porcentagem de inadimplência de 2004 nas escolas particulares de São Paulo, mas a taxa de 2003 foi de 10,8%, contra 7% de 2002 e 3% de 2001.
O preço da mensalidades nas escolas particulares do Estado de São Paulo varia de R$ 100 a R$ 3.000.
"O quadro pode mudar um pouco se houver uma retomada econômica, principalmente para a classe média, que corresponde a boa parte dos nossos alunos", afirmou Lourenço.
Discordância
O vice-presidente do Sindicato dos Professores da Rede Particular de São Paulo (Sinpro-SP), Fábio Zambon, acha que as escolas não estão em situação tão ruim. A crise é usada para "evitar o pagamento do dissídio", segundo ele.
Os professores reivindicam 16,42% de aumento, porcentagem estabelecida pelo Tribunal Regional do Trabalho. O Sieeesp pediu esclarecimento dos pontos considerados imprecisos. A recomendação do sindicato, no momento, é que as escolas não dêem o reajuste.
O dirigente do Sinpro cita um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos), que mostra que no acumulado de janeiro de 1997 até igual mês de 2004, a taxa de inflação da capital paulista subiu 72,05%; já as mensalidades de escolas localizadas na região aumentaram 94,52%.
"Isso mostra que eles não estão mal. Além disso [os aumentos das mensalidades], os alunos estão voltando para as escolas particulares. O pior [da crise econômica] já passou", completou Zambon.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u15238.shtml
Folha Online
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