Ciências, fora e dentro da sala de aula |
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Publicado pelo Jornal da Ciência 26/03/2004 |
Euclides Fontoura da Silva Júnior, professor do Depto. de Genética da UFPR e secretário regional da SBPC no Paraná, ministrou nesta quinta-feira, na 4ª. Reunião Regional da SBPC, a palestra 'Educação científica: uma ponte para a cidadania'
Logo no início da palestra, Fontoura perguntou aos presentes se eles achavam o Ensino de Ciências nas escolas brasileiras bom?
Os que responderam - todos professores do ensino fundamental e médio - foram unânimes: Não!
Fontoura concordou e então mostrou o resultado do Pisa, um estudo da Unesco - órgão para educação e cultura da ONU -, que media o conhecimento de alunos com aproximadamente 15 anos sobre ciências.
O Brasil ficou com o preocupante 42º lugar entre 43 países participantes. O último foi o Peru.
Fontoura afirmou que os alunos, em geral, não saem preparados para o mundo e que para reverter este quadro não adianta somente dinheiro. "É necessário a preparação de um plano nacional de educação. Pegar o mapa do Brasil e ver o que falta em cada lugar. É fundamental o planejamento."
Antônio Carlos Pavão, do Espaço Ciência, em Pernambuco, que estava presente na conferência, tem uma visão mais otimista: "Eu não defendo que estamos bem, mas nós temos que olhar também o lado positivo. Temos exemplos que nos orgulham. O Brasil tem ido muito bem nas últimas olimpíadas internacionais de química. Temos que valorizar estes exemplos e a partir daí melhorar nossas condições".
Para José Ribamar Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência, também presente na palestra, o problema do Brasil é a grande desigualdade.
"Há centros de excelência e outros sem quaisquer condições. Por isso foi cunhada a expressão Belíndia [por Edmar Bacha]. Somos uma mistura de Bélgica com Índia, mas a nossa parte Índia é muito maior. Às vezes há uma pessoa com uma capacidade maravilhosa na parte Índia e não tem oportunidade para desenvolver seu potencial."
Fontoura destacou alguns dos problemas que afetam o ensino de ciências hoje:
- Baixos salários dos professores
Para ele, essa questão é fundamental, pois pode levar ao desestímulo dos professores. Ele defendeu que sejam tomadas as atitudes cabíveis em cada caso para reivindicar melhores salários, mas disse também que um professor bem capacitado e produtivo tem mais força na hora da reivindicação.
- Alunos despreparados
O ensino, para ele, é um processo intrincado e complementar. Algo que não seja bem feito na pré-escola pode levar a dificuldades nos ensino fundamental e médio.
- Currículos defasados e mal estruturados
Aconselhou que sejam feitas comissões locais e em conjuntos com as secretarias de educação se consiga melhorar este quadro.
- Escolas precárias
Ele pediu uma certa união dos professores para reivindicar, junto às secretarias, melhores condições de trabalho. Mas defendeu que uma aula pode ser interessante e contagiante mesmo em salas deficientes.
- Atualização de professores
Para ele, ainda há muitos professores desatualizados. Além de uma política específica, ele também acha importante o esforço particular.
O método científico na sala de aula
Para Fontoura, não adianta "uma aula que não desperte o interesse do aluno, não o faça pensar."
Ele aconselhou que os professores utilizem o método científico em sala de aula, resumido por ele da seguinte forma: "Os alunos devem discutir o problema, levantar hipóteses, testar as hipóteses, analisar possibilidades e tirar conclusões."
Com isso, segundo ele, há um maior interesse do aluno e ele tem a oportunidade de pensar o problema, pensar as hipóteses, pensar sobre as possibilidades e pensar conclusões.
Leia a matéria na íntegra em:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=17332
Jornal da Ciência
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