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USP aponta auto-exclusão de estudantes carentes


Publicado pelo jornal Folha de S.Paulo 29/03/2004

Estudantes de escola pública são minoria entre os inscritos no vestibular de universidades estaduais paulistas. A conclusão é de uma pesquisa feita pela pró - reitoria de graduação da USP (Universidade de São Paulo).
O estudo mostra que o perfil da maior parte dos alunos que se inscrevem no vestibular da maior universidade do país é o mesmo daqueles que entram na instituição --são brancos, não trabalham, têm acesso à Internet, estudaram em escolas particulares e fizeram pelo menos um semestre de cursinho pré - vestibular.

O que mais chamou a atenção é que a maioria dos alunos que concluem o ensino médio na rede pública de São Paulo nem chega a se inscrever no vestibular da Fuvest.
A principal hipótese da USP é a auto - exclusão. Por não se sentirem capazes de ingressar na universidade ou por não terem condições de pagar a taxa de inscrição do vestibular da Fuvest--que custa R$ 83--, os alunos nem tentam estudar na universidade.

Anualmente, cerca de 400 mil alunos concluem o ensino médio no sistema público do Estado, mas menos de um quarto deles se inscreve nos vestibulares das universidades estaduais paulistas --USP, Unicamp e Unesp. No vestibular da USP de 2003, de 161.147 inscritos, 40% vinham do sistema público. Entre os matriculados, o índice foi de 27,5%. Na Unesp, a relação foi de 46% e 38% e na Unicamp, de 30,9% e 29,7%.
"Ainda que se admita que muitos alunos que terminem o ensino médio não prossigam para o ensino superior e que o vestibular da USP não seja a única alternativa, é muito desproporcional o número de inscritos e a população potencial que termina o ensino médio", afirma a pró - reitora de graduação da USP, Sônia Teresinha de Sousa Penin, autora do estudo.

Para Penin, o crescimento de aprovações de alunos de escolas públicas passa pelo aumento de inscrições no vestibular.
Para Sérgio José Custódio, coordenador do MSU (Movimento dos Sem Universidade), a hipótese da auto - exclusão é "ridícula". "O aluno de escola pública não se exclui e sim é excluído do acesso à universidade", afirma.

O MSU defende a isenção total da taxa do vestibular a estudantes de escola pública e mudanças no conteúdo do exame, como o fim da prova de inglês --a alegação é que alunos carentes não têm acesso a cursos de línguas. No vestibular da Fuvest, o inglês é a disciplina que mais diferencia os melhores dos piores candidatos.

Na opinião de Custódio, a USP deveria divulgar seu vestibular nas escolas públicas da periferia. "Não há sintonia entre a universidade e as escolas. Isso cria nos alunos um sentimento de que a USP não é para o bico deles."

Para o coordenador do vestibular da Fuvest, Roberto Costa, falta interesse dos diretores das escolas públicas de ensino médio. "Ano passado, visitamos 50 escolas particulares que solicitaram palestras sobre o vestibular. Não houve nenhum pedido de escola pública."

Na opinião de Costa, o problema de acesso do aluno de escola pública à USP é social. "Em geral, o aluno tem autoconfiança baixa e consciência da formação escolar deficiente e precisa trabalhar."

Ele afirma que, no vestibular de 2004, a Fuvest ofereceu 20 mil isenções a estudantes carentes. Sobraram 5.000. Dos 15 mil alunos que pegaram a ficha de inscrição, 500 não a devolveram. Dos 14.500 que se inscreveram, 15% não fizeram a primeira fase. Dos 730 estudantes que fizeram a segunda fase, 170 entraram na USP, mas 40 não fizeram matrícula.
Segundo o reitor da USP, Adolpho José Melfi, serão discutidos, a partir de maio, modelos de ação afirmativa que priorizem o aspecto sócio - econômico dos estudantes, como a reserva de vagas a alunos de escola pública que atingirem a nota de corte no vestibular.

Os reitores das universidades paulistas propuseram ainda ao governo do Estado a criação de um quarto ano opcional no ensino médio, uma espécie de cursinho para preparar os estudantes para o vestibular. Ainda não há uma decisão sobre a proposta apresentada.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u15278.shtml

Folha de São Paulo

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