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Escola de índio, professor índio


Publicado pela revista Nova escola - abril 2004

Manhã de fevereiro na aldeia Bodoquena, a 468 quilômetros de Campo Grande (MS). É dia de festa para a comunidade de 1592 índios kadiwéus. Crianças e adultos chegam ao barracão, em frente à escola, com sua melhor roupa: vestidos coloridos, sapatos de salto alto, gravatas com nó caprichado e paletós bem passados. Lá não há luz elétrica, mas o ferro de passar é esquentado nas bocas do fogão à lenha. Em alguns rostos, a marca da identidade do povo, pintura de traços bem finos feita de jenipapo e carvão pelas mãos calejadas das mulheres. O motivo da comemoração é a formatura de 20 alunos — 17 kadiwéus, dois kinikinaus e um não-indígena — no curso de magistério. Agora, a escola da aldeia será tocada pelos próprios índios, que são capacitados em um programa específico para eles. "Sinto muito orgulho por fazer parte dessa fase feliz de nossa história", diz Martina de Almeida, formanda que leciona há dez anos. Para os 315 alunos de Ensino Fundamental, a festa é momento de fazer planos. "Quero ser professora também", diz Débora da Silva, de 9 anos. Para a comunidade, a cerimônia representa a certeza de que a cultura local não se perderá nas salas de aula. E para o país, enfim, a colação de grau é um retrato fiel e reduzido das mudanças que estão ocorrendo no ensino indígena nas últimas décadas. Hoje, a escola garante a manutenção das tradições e serve como ponte para o mundo fora da aldeia.
Currículo incorpora os costumes e saberes da tribo

Há mais de 2 mil professores cursando o magistério indígena, um número nunca antes alcançado. De fato, desde a década de 1970, os índios já lecionavam, mas eram poucos frente aos não-indígenas. Só a partir da Constituição de 1988 e mais fortemente com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, é que eles passaram a ser reconhecidos legalmente em suas diferenças e peculiaridades.

O Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas, lançado em 1998 pelo Ministério da Educação (MEC), reafirmou brilhantemente o direito ao ensino bilíngüe e a um currículo que privilegia os conhecimentos, os costumes, a história e as necessidades de cada nação (leia reportagem sobre o trabalho do professor indígena Josimar Tapirapé). Essa nova concepção pedagógica permite que nas aulas de História, por exemplo, sejam valorizados relatos orais, desenhos, imagens e músicas da comunidade como importantes saberes escolares. Os estudantes indígenas são sujeitos da história e podem documentar e divulgar seus feitos. Como poucos livros mencionam a participação dos kadiwéus na Guerra do Paraguai (1864-1870), eles escreveram uma versão nova para esse episódio, o livro Construindo com as Próprias Mãos. A obra foi produzida sob a coordenação de Giovani José da Silva — professor nota 10 na edição de 2001 do Prêmio Victor Civita — que dá aulas na aldeia desde 1998.

Em Educação Física, jogos, danças, brincadeiras, técnicas de caça, pesca e plantio são explorados em atividades de desenvolvimento corporal. O professor Josiney da Silva Rufino já incorporou as mudanças em suas aulas na 2ª série. Para trabalhar a força dos músculos e o espírito de equipe, seus alunos jogam futebol, mas também participam de brincadeiras antigas, como o jogo da mandioca. Várias crianças se agarram a uma árvore — como a raiz desse planta se prende ao chão — enquanto um colega tenta arrancá-las. Vence quem permanecer preso ao tronco.
Veja a íntegra da matéria em:

http://novaescola.abril.com.br/ed/171_abr04/html/repcapa.htm

Revista Nova escola

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