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Quinta-Feira , 01 de Maio de 2025
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A intrigante comunicação das bactérias


Artigo de Marguerite Holloway no site da Scientific American Brasil Abril/2004

É de manhã bem cedo e Bonnie L. Bassler atravessa o campus da Princeton University. Ela vem direto da aula de aeróbica que dá toda manhã, às 6:15 - \"Levanto exatamente às 5:42, nem um minuto antes, nem um minuto depois\", diz, enfática. Bassler fala quase tudo com a mesma energia, e, quando a conversa passa para seu trabalho, ela fica, se é que isso é possível, ainda mais dinâmica. \"Não fui feita para ficar parada no tempo\", ri. \"Fui feita para ser um furacão.\"
Bassler - professora de biologia molecular, ganhadora de um prêmio em 2002 pela MacArthur Foundation, e ocasionalmente atriz, dançarina e cantora - tem 41 anos e estuda as bactérias e o modo como elas se comunicam entre si e com outras espécies. O \"quorum sensing\", como o fenômeno é chamado, algo como percepção de quórum, é uma ciência jovem. Até há bem pouco tempo ninguém imaginava que as bactérias conversassem entre si, muito menos de um modo capaz de alterar seu comportamento. Bassler tem tido um papel fundamental na rápida ascensão dessa área. Ela decifrou alguns dos dialetos - mecanismos genéticos e moleculares que diferentes espécies usam - mas é mais conhecida por ter identificado o que pode ser uma linguagem universal compartilhada por todas as espécies, algo a que ela se referiu, bem-humorada, como \"esperanto bacteriano\".
Como o nome sugere, o quorum sensing descreve como cada bactéria percebe quantas outras há nas redondezas. Se há presença suficiente (quórum), elas podem pôr mãos à obra imediatamente ou decidir \"enrolar\" mais um pouco. Milhões de bactérias luminescentes são capazes de decidir emitir luz ao mesmo tempo para que seu hospedeiro, uma lula, por exemplo, brilhe - talvez para distrair predadores e fugir. Ou bactérias salmonela podem resolver esperar até que seus batalhões estejam organizados antes de liberar uma toxina que faça o hospedeiro adoecer; se agissem como assassinos independentes, em vez de atuarem como exército, o sistema imunológico provavelmente as eliminaria. Pesquisadores mostraram que as bactérias também usam o quorum sensing para formar a placa bacteriana sobre os dentes, corroer cascos de navios e controlar a reprodução e a formação de esporos.
Se realmente for assim, as implicações são enormes. O quorum sensing nos remete à evolução. Talvez as primeiras bactérias tenham se comunicado, depois se organizado de acordo com diferentes funções e, finalmente, formado organismos complexos. De forma mais prática, o quorum sensing dá à medicina uma nova estratégia: se destruirmos o sistema de comunicação de bactérias perigosas, como o enterococo resistente a antibióticos, talvez elas não consigam organizar seu ataque com eficiência. Nas palavras de Bassler, \"você tanto pode torná-las surdas como mudas\".
O estudo do quorum sensing tem suas raízes nos anos 70. Dois cientistas - J. Woody Hastings e Ken H. Nealson - descobriram que uma bactéria marinha, Vibrio fischeri, só produzia luz quando sua população atingia certa número. Se havia poucas bactérias, elas não ficavam bioluminescentes. Os dois pesquisadores especularam que as bactérias produziam um sinal - chamado por eles de auto-indutor - que gritava \"Estamos aqui, estamos aqui\". Quando o volume da gritaria aumentava o bastante, o conjunto brilhava. Em 83, Michael R. Silverman, então no Agouron Institute em La Jolla, Califórnia, e um colega, identificaram os genes do auto-indutor e do receptor da V. fischeri.
Bassler começou a trabalhar com Silverman em 1990, depois de concluir seu doutorado na Johns Hopkins University. Ela decidiu se concentrar em outra bactéria marinha luminosa, V. harveyi, para descobrir se seu sistema de sinais era semelhante. Trabalhou criando bactérias mutantes - desativando um gene aqui, outro ali, para ver se conseguia identificar qual fazia a bactéria se iluminar na presença de companheiras. \"Você apaga a luz da sala e procura aquelas que estão apagadas quando deviam estar iluminadas e vice-versa. É genética para imbecis\", ironiza. Bassler encontrou os genes do auto-indutor e do receptor da V. harveyi.
Leia o artigo na íntegra em:

http://sciam.uol.com.br/sciam/editorial.aspx?edt_codigo=7

Scientific American Brasil

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