Publicado pelo site Aprendiz 18/04/2004

Apenas 27% dos paulistanos idosos (pessoas com mais de 60 anos) realizam algum tipo de trabalho voluntário direta ou indiretamente. Esse número é alarmante porque, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), as pessoas idosas precisam fazer alguma ação voluntária para melhorar sua qualidade de vida.
Pouco se tem visto de política pública de apoio ao idoso. “Essa pesquisa da ONU expressa de maneira clara que o trabalho voluntariado é uma das grandes estratégicas para combater a falta de políticas públicas para o idoso”, afirma a pesquisadora Heather Barker Dutra da Silva. Ela apresentou esses dados em sua dissertação de mestrado na Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo).
“Pelo fato de ter mais tempo disponível, estimava-se que a quantidade de idosos voluntários fosse maior. Mas ficou constatado que os idosos preferem fazer doações, muitas vezes monetárias”, comenta a administradora hospitalar.
Dos 27% que realizam esse trabalho, 22,6% o fazem de forma indireta, por meio de doações e apenas 4,4% fazem esse trabalho de forma direta através de prestação de serviço. A autora explica que grande parte desse trabalho direto tem ligação com a igreja ou com instituições ligadas a religião.
“O casal idoso é o que mais atua na parte de voluntariado”, comenta ela ressaltando que a maior participação é das mulheres.
No geral, os idosos tem baixo nível educacional. Os dados mostram que pouco mais da metade dos idosos voluntários (56,4%) estudaram até a 4º série do primeiro grau. Mas isso, segundo a coordenadora da pesquisa, não impede que eles tenham um bom desempenho racional e boa facilidade de aprendizado.
No estudo feito pela administradora hospitalar, foram entrevistados 2.143 idosos do município de São Paulo. Eles representam o Brasil no Projeto Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (Sabe), da Organização Panamericana da Saúde (Opas). Além do Brasil, estão participando mais seis países (Argentina, Barbado, Cuba, Uruguai, Chile e México).
Ao contrário do que acontece no Brasil, nos países europeus as políticas públicas voltadas para o envelhecimento são bem abrangentes. “Geralmente o que vemos são projetos voltados para a criança e jovem, o idoso é um pouco esquecido”, afirma ela. Em 2001, a ABONG (Associação Brasileira das Organizações Não-Governamentais) realizou um estudo e constatou que apenas 3% das organizações promovem e organizam trabalhos que beneficiam o idoso.

http://www2.uol.com.br/aprendiz/guiadeempregos/especial/artigos_160404.htm

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