> Sistema Documentação
> Memorial da Educação
> Temas Educacionais
> Temas Pedagógicos
> Recursos de Ensino
> Notícias por Temas
> Agenda
> Programa Sala de Leitura
> Publicações Online
> Concursos & Prêmios
> Diário Oficial
> Fundação Mario Covas
Bom dia
Segunda-Feira , 11 de Agosto de 2025
>> Notícias
   
 
Superficial, TV teen vira exemplo


Publicado pelo jornal Folha de S.Paulo 25/04/2004

"Malhação" passa a ser a novela das oito, no lugar de "Celebridade". Serginho Groisman vai para a Record e apresenta seu "Altas Horas" no horário do policial "Cidade Alerta". A Globo põe no ar os programas da MTV.

A Folha enlouqueceu? Não. O parágrafo acima dá algumas "notícias" do que seria uma TV de qualidade, segundo um estudo divulgado na quarta passada.

A pesquisa, realizada pela Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância) e pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), concluiu que a televisão seria melhor se toda a programação seguisse os bons exemplos de atrações voltadas ao público jovem.

Em palavras menos otimistas, a tese do levantamento, batizado de "Remoto Controle", é a seguinte: ainda que superficiais e centrados em estereótipos --ricas mocinhas loiras e galãs fortões--, programas teens conseguem ser melhores do que a média da TV.

Foram avaliados dez do gênero, entre eles "Altas Horas", "Malhação" (Globo), "Meninas Veneno" (MTV), "Sobcontrole" (Band) e "Atitude.com", da TVE do Rio.

A seleção começou com as próprias emissoras, que informaram aos pesquisadores quais de seus programas são direcionados a teens. Duas indicações não foram aceitas: um quadro do "Curtindo uma Viagem", de Celso Portioli, do SBT, e o "É Show com Adriane Galisteu", da Record. De acordo com a pesquisa, eles não focam preferencialmente os jovens.

Ao todo, foram avaliadas cem horas de programação. Nove consultores --entre eles, a apresentadora Soninha e o sociólogo Laurindo Lalo Leal, da ONG TVer-- assistiram a 15 episódios de cada um dos dez escolhidos.

Decuparam as fitas, contaram segundos, viram e reviram, discutiram e tabularam os dados. A conclusão surpreendeu os pesquisadores.

"Percebemos que não são abobrinhas, assuntos irrelevantes. A pesquisa ajuda a desconstruir o mito de que a programação para jovens é vazia", diz Veet Vivarta, diretor-editor da Andi, uma ONG especializada em análises sobre mídia para jovens e crianças.

Para sustentar essa idéia, um dado: do conteúdo avaliado, 81,1% abordaram temas "socialmente relevantes", como prevenção à Aids, gravidez e emprego.

Outro ponto positivo: a programação jovem não costuma explorar gratuitamente a sexualidade e a violência. Só 21% mostraram cenas violentas, sendo que metade delas era contextualizada.

Mas será que uma TV teen, mesmo com seus problemas, poderia de fato influenciar positivamente a programação geral? "Seria sensacional se a programação da TV dos adultos tivesse a qualidade da TV das crianças e dos adolescentes", diz à Folha o apresentador Marcelo Tas, criador do repórter Ernesto Varela e um dos idealizadores de "Castelo Rá-Tim-Bum" e "Vitrine" (Cultura).

Ele, no entanto, acha difícil que isso ocorra na TV. "Adultos são seres cansados e se deixam enganar facilmente. São capazes de assistir a uma novela molenga por meses a fio sem reclamar. Com o público infantil e adolescente, não há meio termo. Quando não gostam de algo, mudam de canal ou trocam a TV pelo videogame, internet ou telefone", afirma.

Na opinião de Tas, a programação teen é melhor porque os jovens são "seres mais exigentes". "Não perdem tanto tempo com bobagens. São mais inteligentes e menos falsos do que os adultos."

O cientista político Guilherme Guerra, consultor da Andi, acredita que seja necessária uma nova regulamentação para que o lado bom dos programas jovens prevaleça em toda a TV. "As TVs sempre falam em censura quando se tenta interferir de alguma maneira na programação."

A pesquisa foi publicado no livro "Remoto Controle - Linguagem, Conteúdo e Participação nos Programas de Televisão para Jovens" (330 págs., R$ 33, editora Cortez, tel. 0/xx/11/3864-0111) e chegará nesta semana às livrarias.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u43612.shtml

Folha de São Paulo

Para mais informações clique em AJUDA no menu.

 





Clique aqui para baixar o Acrobat Reader