> Sistema Documentação
> Memorial da Educação
> Temas Educacionais
> Temas Pedagógicos
> Recursos de Ensino
> Notícias por Temas
> Agenda
> Programa Sala de Leitura
> Publicações Online
> Concursos & Prêmios
> Diário Oficial
> Fundação Mario Covas
Boa tarde
Quarta-Feira , 15 de Maio de 2024
>> Notícias
   
 
Livro , objeto do desejo do Leitor


Publicado pela Agência Carta Maior 28/04/2004

Não se pode pensar, falar, fazer, editar e publicar - inclusive ler – literatura, ficcional e não-ficcional, no Brasil sem se levar em consideração o fato de que é veiculada por meio de um objeto denominado livro. O objeto-livro circula de maneira limitada e deficitária, numa média de 2 mil exemplares (cada edição) num país de 160 milhões de habitantes. No melhor dos casos, 10 a 12 mil exemplares (cinco ou seis edições sucessivas) circulam pelo país no correr de quinze anos, podendo o total de leitores ser calculado na base otimista de 80 a 100 mil. A proporção de 100 mil leitores para 160 milhões de habitantes é deprimente e seria erro crasso e grosseiro imaginar e desejar que um texto literário atinja diferentes camadas sociais .
Por outro lado, constata-se, por números e pela realidade do mercado, que o leitor brasileiro mantém contato direto e permanente com obras estrangeiras, de quase todos os gêneros. Pesquisas e análises confirmam que o leitor brasileiro é pouco, ou quase nada, xenófobo e agrada-lhe uma certa generalidade/diversidade temática (muitos chamam de “globalismo”). Por essa ausência de xenofobia e exigência de universalismo, de um lado o livro estrangeiro tem melhor mercado que o nacional entre nós e, por outro, ainda não tivemos sucesso internacional com nossa produção - mesmo considerando primeiro José Mauro de Vasconcelos, depois Jorge Amado, e agora Paulo Coelho.
Pode-se dizer que o livro no Brasil é um “luxo” - em edições de 2 mil exemplares num país de 160 milhões de habitantes. Objeto caro, por um lado; um tanto quanto "difícil" por circular num país de analfabetos ou semi-analfabetos; marginalizado numa nação onde tudo é feito para incrementar os meios de comunicação de massa e nada para incentivar a rede de bibliotecas, prejudicado (para uns, “sabotado” mesmo) quando ameaça expandir seus horizontes e searas e arrebanhar outros leitores que não os seus 80 ou 100 mil.
O autor não pode escolher seus leitores. Estes é que determinam que autores e obras vão escolher, comprar e ler. O escritor brasileiro faz o livro que vai ser escolhido (ou eleito) pelo leitor - e antes de mais nada terá de agradar ao gosto refinado, cosmopolita e auto-suficiente dos “incluídos e bem assentados”. O que existe é um público-leitor reduzidíssimo, ao mesmo tempo sofisticado, conservador, cosmopolita, imediatista e “avoado” (o que leva os autores também a sê-lo, em seus textos - ficcionais ou não). Público-leitor que hoje vive predominantemente na grande metrópole de ritmo vertiginoso, tensa e trepidante, dedicando esse leitor muito maior aceitação, na ficção, às narrativas curtas (o conto, a crônica) e na não-ficção aos textos ligeiros, superficiais (coletâneas de artigos antes vistos na imprensa, reportagens sucintas e incompletas, ensaios supérfluos e banais, manuais de “busca do prazer e onisciência e onipotência”) .
O público de literatura ficcional e não-ficcional, no Brasil, é formado por camadas mais ou menos previsíveis e semelhantes de leitores, reproduzindo-se identicamente de estado para estado. Leitores que vão desde o próprio escritor, passando pelo professor e aluno universitários (o professor indica e exige a leitura do aluno), esbarrando no crítico e no resenhista, e espraiando-se aleatoriamente pelos muitos que necessitam obter uma espécie de compensação, ou bálsamo, às suas frustrações, angústias, imperfeições, a seu inconformismo individual, político e social - leitores que vivem dentro do (teoricamente) bem-estar e comodidades inerentes à classe média. O livro é, pois, objeto de classe no Brasil e, como tal, dirige-se a uma determinada e mesma classe, esperando dela aplauso e reconhecimento profundos.
Não podendo ser profissional numa sociedade em que seu produto não circula devidamente e não é rentável, em que tampouco pode crer em dispositivos estatais ou empresariais que o amparem economicamente e em que o produto estrangeiro e concorrente é adquirido com mais constância, o escritor brasileiro (claro que com raríssimas exceções, talvez só uma ou duas) dispõe apenas do que sua própria c

http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?coluna=visualiza_arte&id=1813

Agência Carta Maior

Para mais informações clique em AJUDA no menu.

 





Clique aqui para baixar o Acrobat Reader