Inclusão digital: a terceira fase |
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Artigo de Hernani Dimantas no Portal do Professor maio/2004 |
Existe uma lógica subliminar no processo de inclusão digital, que, muitas vezes, fica obscurecida pelo trabalho cotidiano. Projetos de inclusão digital estão focados nos computadores. Não como ferramentas. Mas como centro de acesso à informação.
Para entrar fundo neste debate, temos que dissociar a ferramenta do seu fim. Redes são formadas por sinapses entre pessoas. E não pela utilização do computador. As pessoas estão em primeiro plano. E daí, podemos imaginar e elucubrar ferramentas para a formação de redes.
Dessa forma, digo, que rede tem um espectro mais abrangente do que, somente, o mundo conectado. Está presente em qualquer expressão do relacionamento humano. O computador vem, apenas, facilitar a interatividade entre as pessoas. Aumentando a exposição do sujeito e catalisando inteligências ou as competências (muito embora, não gosto de utilizar esta palavra, pois, seu sentido se resume a inteligência localizada.)
Assim, percebemos que no processo de inclusão digital passamos por duas fases, ou seja, fase 1: acesso ao computador (caracterizada pelas ações dos CDI's) e fase 2: acesso à informação (caracterizado pelas ações dos telecentros e infocentros). Agora, chegamos a outra fase deste processo. É o que estou chamando de terceira fase da inclusão digital: acesso à informação, circulação desta informação e a produção local de conhecimento.
Mas isso é suficiente? Qual é o conhecimento que interessa às comunidades? E como alcançá-lo? Sinceramente, não sei se isso é suficiente. São vários aspectos que incidem nesta construção do conhecimento. Creio que existe uma lacuna tão imensurável no processo de educação formal do país, que faz da educação informal uma aliada suprema. A segunda pergunta me deixa mais confuso. Qual conhecimento interessa? Não adianta pensar com cabeça de elite. Digo, que sabemos nós sobre comunidades carentes? Que sabemos nós das necessidades da periferia? Precisamos voltar às bases. E, nesse sentido, estou abarcando o projeto da Ação Digital, criado pelo CDISP, que tem como premissa o retorno às bases comunitárias ligadas a Ação da Cidadania para entendermos o processo de inclusão digital através de um feedback negativo.
Como alcançar? Esta pergunta é mais fácil responder. Temos estudado desde o Projeto Metáfora alguns modelos de colaboração descentralizada. Esses modelos funcionam muito bem nas comunidades independentes. O desenvolvimento do Linux, do Apache, do Xoops e de outros muitos softwares livres são bons exemplos. A experiência do porojeto Metáfora, e dos seus filhotes: MetaOng, MetaReciclagem, LigaNóis e CyberSocial são casos que identificam o processo como vivo e operante.
Não podemos, entretanto, ser ingênuos em replicar os conceitos colaborativos deliberadamente nos projetos de inclusão digital. Estaríamos alimentando viéses diferentes. E, a colaboração entra na contabilidade com mais um viés.
Estamos nos referindo à prática da inteligência coletiva. Num ecossistema de idéias livres baseado na generosidade e no modo de produção catalisado pelo copyleft, a academia, as empresas, o Estado e o terceiro setor entram nessa equação. Mas não como protagonistas ou como detentores do conhecimento e da inovação. São participantes, pois, neste ambiente hiperlinkado, o que vale é a reputação.
Leia o artigo na íntegra em:
http://www.portaldoprofessor.inep.gov.br/downloads/artigos/novae/terceira_fase.jsp
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