Obesidade afeta 1 em cada 10 crianças no mundo |
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Publicado pelo Jornal da Ciência 17/05/2004 |
Uma em cada dez crianças em todo o mundo - 155 milhões - é obesa. O número, um sério indicador de que a obesidade infantil tomou proporções epidêmicas, está no relatório da Força-tarefa Internacional sobre Obesidade, enviado à Organização Mundial de Saúde (OMS).
Especialistas afirmam que é preciso estabelecer urgentemente uma estratégia global para combater o problema. Segundo o levantamento, a situação é mais grave nos EUA, onde o percentual de crianças obesas chega a 30%.
Dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia mostram que o número de crianças obesas no país triplicou nas últimas décadas. O percentual de crianças com excesso de peso oscilava de 3% a 5% há 20 anos e, agora, é de 10% a 15%.
"Não acho que as crianças brasileiras estejam mais obesas do que as de outros países. Eu diria que estamos na média", afirmou o diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, Luiz Cláudio Costa. "Mas a situação é bastante preocupante já que esse percentual praticamente triplicou em 20 anos."
Segundo Costa, as crianças, tanto das classes sociais mais altas quanto das mais baixas, estão comendo cada vez mais carboidratos e gorduras.
"Os mais ricos têm acesso muito fácil a alimentos de alta densidade calórica", disse. "Por outro lado, produtos ricos em gordura e carboidratos são mais baratos do que as frutas, as proteínas e, por isso, são mais consumidos pelas classes menos privilegiadas."
Além disso, analisou Costa, as porções aumentaram absurdamente nas últimas décadas.
"Há 20 anos, comíamos um saquinho de pipoca no cinema; hoje é um balde. Uma garrafa de um litro de refrigerante dava para o almoço de uma família inteira; atualmente, cada um toma meio litro sozinho", exemplificou.
Crianças apresentam colesterol alto e hipertensão
Não há estudos no Brasil quantificando os problemas decorrentes do excesso de peso em crianças, mas os médicos já constatam, nos consultórios, uma incidência maior de doenças ligadas à obesidade.
"Vemos crianças com colesterol e triglicerídios altos, e também hipertensas", contou. "Estamos vendo crianças de 7 anos de idade com diabetes tipo 2, que, há até bem pouco tempo, só costumava se manifestar em pessoas com mais de 40 anos."
Além dos problemas de saúde, as questões sociais preocupam os especialistas.
"Essas crianças, muitas vezes, são discriminadas na escola e podem ter problemas psicológicos", disse o médico. "Estudos indicam que até 60% das crianças obesas passam por períodos de depressão."
As proporções epidêmicas da obesidade infantil indicam ainda que, dentro de alguns anos, o percentual de adultos obesos será muito maior que o atual. Estatísticas mostram que 80% das crianças obesas se tornam adultos obesos.
"Precisamos interromper esse processo", disse.
O relatório internacional foi enviado à OMS como parte das discussões para a adoção de uma estratégia global sobre dieta, exercícios físicos e saúde. O documento alerta para o fato de a obesidade estar aumentando tanto nos países ricos quanto nas nações em desenvolvimento.
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=18504
Jornal da Ciência
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