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A casa das garrafas de plástico


Publicado pelo site No Mínimo 18/05/2004

Um minúsculo pedaço da Mata Atlântica na Zona Leste da Grande São Paulo, espremido entre uma favela e um condomínio popular, está mudando a vida dos irmãos Jaime e Fátima Aranda. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) acaba de liberar R$ 60 mil para os três projetos de monitoramento ambiental que eles coordenam no Córrego Iijima, no município de Ferraz de Vasconcelos.

“Nunca vi tanto dinheiro. É uma grande recompensa”, diz Jaime, de 32 anos, que até junho tem assegurado um salário mínimo numa creche graças a uma frente de trabalho do governo estadual. A verba vai permitir que ele compre uma camionete usada e um computador para o trabalho, que consiste em enviar relatórios e análises da água para as entidades responsáveis pela preservação do Alto Rio Tietê.

O Córrego Iijima tem um quilômetro e não passa de um filete de água que já nasce poluído na pequena floresta que restou junto à nascente, agora repleta de lixo e pneus velhos. Até há pouco tempo o riacho, que deságua em dois outros antes de chegar ao Tietê, nem tinha nome.

Iijima não é, como pode parecer, de origem tupi, mas extensão do nome da avenida que passa pelo local, homenagem a algum dos tantos japoneses que colonizaram a região. A mata em que fica a nascente já foi usada como cativeiro em seqüestros e esconderijo de traficantes. Ferraz de Vasconcelos, cidade de 160 mil habitantes, na divisa com o bairro paulistano de Guaianazes, é um lugar violento. Jaime calcula que 70% dos seus amigos de infância morreram assassinados.

Nesse cenário de pobreza é raro que a consciência ambiental supere a necessidade da sobrevivência, mas no caso de Jaime não parece exagero quando ele diz que isso o salvou. No começo de 1999, desempregado e com o corpo sendo consumido pela erisipela, encontrou pelas ruas algo com que se ocupar. Era chamado de louco até pela própria mãe, que furiosamente arrancava as construções feitas com bambus e restos de garrafas plásticas cada vez maiores que ele erguia na mangueira do quintal. Começou com uma cerca, depois virou uma cabana e hoje se ergue por três andares apoiados na árvore. Essa casa que reaproveita o lixo é o grande chamariz da causa dos irmãos Aranda.

A cura no facão

“Quem me via catando garrafa na rua pensava que eu era um ‘nóia’ (viciado em droga), mas eu achava interessante construir uma casa com as garrafas. Sabia que era bom tirar o lixo da rua e não ia me envergonhar por isso.” Conforme a erisipela piorava, diminuía sua auto-estima para buscar emprego e ele mergulhava ainda mais no trabalho.

“Quando eu ia à nascente buscar bambu descontava toda a dor que eu sentia com o facão. Aquilo me curou”, conta Jaime, que, de início, montou um bar na “Cabana do Aranha”, corruptela do sobrenome português dele. O lugar era arejado, iluminado, confortável, diferente de tantos botecos clandestinos da periferia e, por isso, atraiu muita clientela – chegava a dar R$ 300 por noite. Mas Fátima, a irmã, deu graças a Deus quando eles decidiram abandonar a atividade. Assustava-a a lembrança das tantas chacinas motivadas pela bebida em ambientes assim.

Foi Fátima, de 38 anos, empregada doméstica, quem articulou para que o empenho do irmão se convertesse em uma causa para a defesa do córrego. De tanto vê-lo ir à nascente buscar bambus e recolher garrafas do lixo um dia ficou curiosa e o acompanhou. Saiu da pequena floresta, como conta, “empurrada pelo curupira”. O ser mitológico que guarda as florestas a convenceu a chamar a Guarda Florestal. Havia um balancial sendo ameaçado. “Manancial”, corrigiu o policial. “Sei lá como é que fala, mas está sendo ameaçado”, respondeu ela. Os policiais fizeram uma visita ao local, mas nenhuma providência foi tomada.
Veja a íntegra em:

http://nominimo.ibest.com.br/notitia2/newstorm.notitia.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=54&textCode=11682&date=currentDate

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