> Sistema Documentação
> Memorial da Educação
> Temas Educacionais
> Temas Pedagógicos
> Recursos de Ensino
> Notícias por Temas
> Agenda
> Programa Sala de Leitura
> Publicações Online
> Concursos & Prêmios
> Diário Oficial
> Fundação Mario Covas
Boa noite
Quinta-Feira , 01 de Maio de 2025
>> Notícias
   
 
A arquitetura do pânico


Publicado pelo site No Mínimo 21/05/2004

As muralhas estão cedendo. Os moradores de bairros de classes média e alta do Rio de Janeiro e São Paulo estão vendo ruir suas cidadelas, cada vez mais assediadas pelo terror dos assaltos e assaltantes, mas, mesmo assim, continuam investindo em projetos arquitetônicos e imobiliários que privilegiam a segurança. Duas pesquisas de universidades fluminenses apontam essas tendências aparentemente contraditórias, pautadas pelo medo e pela busca de proteção. Enquanto estudantes da Universidade Federal Fluminense (UFF), de Niterói, constatam que nas zonas nobres das duas grandes cidades há uma inclinação para uma estética densa que faz lembrar e até ressuscita elementos da arquitetura medieval, a Universidade Cândido Mendes conclui uma pesquisa com resultados e números que justificam o medo.

O Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da universidade comprovou na semana passada que, em seis anos, o número de assaltos a residências na cidade do Rio de Janeiro aumentou 113%. “É assustador”, diz coordenadora da pesquisa, a economista Leonarda Musumeci. “Ninguém está seguro dentro de sua própria casa e o pesadelo não vai acabar tão cedo.” Alguns números: em 1998 foram registrados 903 assaltos a residências; 1333 em 1999; 1409 em 2000; 1425 em 2001; 1751 em 2002 e 1927 em 2003. Em São Paulo, a Secretaria de Segurança Pública não fornece números e nem informa no seu site oficial esse tipo de ocorrência. Mas o sonho de viver em lugar seguro continua: “Na ânsia de se resguardar, as pessoas estão se encarcerando e a arquitetura que se faz hoje explicita o medo da violência”, afirma Sônia Ferraz, que coordenou a pesquisa da UFF. “Foi-se o tempo em que era possível pedir e conseguir uma xícara de açúcar com o vizinho.”

Semelhança com presídios

Durante dois anos, Sônia Ferraz e uma turma de seus alunos do curso de arquitetura fizeram um levantamento fotográfico em bairros como Morumbi, Moema, Higienópolis e Pacaembu, em São Paulo, mais Ipanema, Leblon, Jardim Botânico e Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Hoje, têm um arquivo de cerca de mil fotos de casas e edifícios. Embora pareçam diferentes, quase todos os prédios guardam muitas semelhanças: num mesmo espaço, convivem o moderno e o medieval. Muralhas. Grades, seteiras, fossos, lanças e arames farpados que remetem a uma imagem medieval complementam-se com equipamentos de alta tecnologia, como câmeras, sensores infravermelhos e torres blindadas. “Estamos vivendo uma época de super-segregação, de auto-exclusão, e tantas defesas alteram substancialmente as relações humanas”, teoriza Sônia Ferraz. “Algumas construções se assemelham a presídios de segurança máxima.”

Nesse cenário de violência e medo, o estudo dos alunos da UFF conclui que a insegurança desenha um novo padrão funcional e formal de arquitetura. Uma significativa parte do mercado imobiliário, da indústria de equipamentos e materiais de segurança cresce lado a lado com os índices de violência. De acordo com cálculos da Fundação Getúlio Vargas, divulgados no final de 2003, são gastos no Brasil cerca de R$ 100 bilhões por ano com segurança privada. “Quem aluga ou compra um imóvel quer saber em primeiro lugar da segurança”, confirma George Eduardo Masset, presidente da Associação Brasileira de Administradoras de Imóveis (Abadi). “O pânico é geral.”
A média de roubos a residências é de quatro por dia no Rio de Janeiro, mas a própria polícia admite que a estatística oficial pode estar defasada, já que nem todos os casos são notificados pelas vítimas. Foi o que fez, ou melhor, não fez o ator Thiago Lacerda na semana passada, quando teria sido uma das vítimas do assalto que um bando de oito homens fez ao edifício Chevalier Noir, no bairro Alto Leblon, na zona sul do Rio.
Leia a íntegra em:

http://nominimo.ibest.com.br/notitia2/newstorm.notitia.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=54&textCode=11712&date=currentDate

Site No Mínimo

Para mais informações clique em AJUDA no menu.

 





Clique aqui para baixar o Acrobat Reader