SP discute Plano Nacional para a Juventude |
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Publicado pela Agência Carta Maior 24/05/2004 |
Legalização do aborto, passe livre nos ônibus para estudantes e formação específica da polícia para lidar com a juventude estão entre as propostas dos jovens paulistas para o Plano Nacional de Políticas para a Juventude, que está sendo discutido em uma comissão da Câmara dos Deputados criada especialmente para isso. As sugestões foram apresentadas durante a segunda etapa da Conferência Estadual de Juventude, realizada em São Paulo nos dias 21 e 22 de maio.
Os deputados irão analisar as propostas. A Comissão Especial Destinada a Acompanhar e Estudar Propostas de Políticas Públicas para a Juventude (Cejuvent) é responsável por organizar o debate em torno do assunto em diferentes Estados. Daí sairão as diretrizes a serem discutidas na Conferência Nacional de Juventude, agendada para ocorrer de 16 a 18 de junho, em Brasília. O Plano Nacional, com propostas e metas que responsabilizam diferentes esferas governamentais e a sociedade na efetivação dos direitos dos jovens, está sendo realizado pela primeira vez no Brasil.
Neste final de semana, a discussão foi feita em grupos de trabalho, divididos por temas como saúde, educação, lazer e esporte, violência, trabalho e geração de renda, cultura, juventude rural, cidade e meio-ambiente, família e religião, entre outros.
Para a educação, os jovens de São Paulo definiram princípios como o da educação não excludente, da autonomia das escolas e do incentivo à educação não formal. Também apresentaram propostas mais concretas, como as eleições diretas para diretor das escolas, o fim do vestibular, e a volta de sociologia e filosofia aos currículos escolares. A questão mais controversa foi a das cotas para negros em universidades públicas, que será apresentada aos deputados.
“O eixo central da discussão foi sobre o modelo de educação que temos hoje no ensino público, e como ele está vinculado a um projeto de exclusão social construído historicamente. Uma grande missão para o governo é inverter esse quadro, para que a escola pública passe a ser um lugar em que os jovens se sintam com seus direitos preservados”, afirma Raquel Souza, do Projeto Juventude da organização não governamental (ONG) Ação Educativa, que coordenou o grupo de trabalho de educação na segunda etapa.
Além da legalização do aborto, outro tema polêmico na área de saúde apresentado pelos jovens foi a adoção de políticas de redução de danos para lidar com a questão das drogas. Eles defendem que sejam desenvolvidas campanhas e ações para o uso responsável de drogas lícitas e ilícitas, ao invés de uma política antidrogas repressora. Também foi proposto o fim dos hospitais psiquiátricos e o desenvolvimento de uma outra forma de trabalhar com pessoas com problemas desse tipo.
Como a juventude é o maior foco da agressão policial, a relação com a polícia foi um tema bastante abordado. Os jovens afirmaram ser necessária uma formação específica dos policiais, que acabe com as abordagens violentas e desfaça os preconceitos em relação a eles. Além disso, várias das propostas apresentadas referentes ao problema da violência estão ligadas à mídia. A juventude, segundo os jovens paulistas presentes, é estigmatizada pela imagem veiculada nos meios de comunicação, que deveriam ser mais controlados. Eles consideram importante que a mídia veicule pautas positivas sobre os jovens, mostrando alternativas ao tráfico de drogas.
A segunda etapa da contribuição paulista para o debate contou com a participação de cerca de 300 jovens de ONGs, movimentos sociais, grupos de periferia, partidos, prefeituras, pastorais etc. Ao todo mais de setenta entidades colaboraram nessa análise do documento preliminar da Cejuvent, discutindo as propostas e recomendações contidas nele, além de apresentarem novas sugestões e novos temas não abordados na versão inicial.
Veja a íntegra em:
http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?id=1838&cd_editoria=004&coluna=reportagens
Agência Carta Maior
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