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Ficção e realidade


Artigo de Franklin Rumjanek no Ciência Hoje Online, agosto 2004

O sucesso dos autores clássicos de ficção científica freqüentemente é medido pelo conteúdo profético de suas obras. Nesse contexto, podemos perguntar até que ponto a natureza extemporânea dessas narrativas reflete o entusiasmo do autor em relação à tecnologia disponível na época ou uma aguçada sensibilidade face aos aspectos sociais decorrentes da influência do cenário científico sobre os indivíduos.
O francês Júlio Verne (1828-1905), com suas fantásticas viagens, é tido por muitos como um arauto justamente porque seus vôos de imaginação materializaram-se em máquinas que no nosso século 21 são banais. Seus romances Da Terra à Lua e Vinte mil léguas submarinas são dois exemplos que, além de estimularem milhões de leitores, tornaram-se realidade pouco tempo depois.
Já o inglês H. G. (Herbert George) Wells (1866-1946), com a Ilha do doutor Moreau, alarmado com o descontrole da vivisseção, na época, anteviu experimentos contemporâneos, como os da engenharia genética ou da atualíssima bioengenharia de órgãos. Quem não se lembra dos recentes animais fluorescentes ou do bizarro camundongo com uma orelha humana implantada em suas costas?
Não podemos esquecer o escocês Robert Louis Stevenson (1850-1894), que, com O médico e o monstro, foi decididamente o precursor da psicanálise freudiana. George Orwell -- pseudônimo de Eric Blair (1903-1950), inglês nascido na Índia -- só não está incluído na lista porque, com seu seminal 1984, foi mais um cronista de governos totalitaristas do que propriamente um visionário.
Na literatura há muitos outros exemplos de escritores que, com maior ou menor domínio sobre a tecnologia subjacente em suas aventuras, tiveram o poder de convencer gerações e gerações de leitores com suas impressões futuristas.

Mas o prêmio Nostradamus de previsões vai para... O admirável mundo novo. Lançado em 1932, o livro do inglês Aldous Huxley (1894-1963) descreve de maneira convincente a tecnologia empregada para gerar as castas da sociedade, que, aliás, utiliza em suas incubadoras dispositivos muito semelhantes aos métodos dos modernos laboratórios de biologia celular, incluindo as placentas artificiais.
Huxley também discorre sobre o plano central e os objetivos do governo ao abraçar o \'processo de Bokanovsky\', segundo o qual até 96 gêmeos idênticos podem ser produzidos a partir de apenas um óvulo fertilizado pelos espermatozóides do mesmo homem. É a produção em massa de seres humanos idênticos.
No romance, ainda na incubadora os embriões humanos são distribuídos nas castas pelo \'Laboratório de Predestinação Social\', através de maior ou menor exposição ao oxigênio. Os mais privilegiados, os \'alfas\', recebem cotas plenas, enquanto os futuros trabalhadores recebem doses menores, o que gradualmente reduz sua capacidade intelectual. Depois se seguem o condicionamento neopavloviano e tantos outros artifícios imaginados por Huxley para explicar como são produzidos desde os \'alfas\' até os \'épsilons\'. Para os \'alfas\', em sua vida adulta, há também uma ajuda farmacológica, sob a forma do \'soma\'.
Os objetivos das autoridades eram simples. Almejavam apenas a felicidade de todos -- e esta era vista aí como um dos principais instrumentos da estabilidade social. Segundo Huxley, essa estabilidade só é conseguida porque os membros dessa sociedade, incluindo os escravos, aprendem a amar a sua servidão.
Não devemos concluir que a visão pessimista contida em Admirável mundo novo reflete uma atitude anticiência do autor. Pelo contrário, Huxley foi um consistente apologista da ciência, e acreditava que só esta podia melhorar radicalmente a qualidade de vida. Assim, não foi a ciência per se que gerou o Admirável mundo novo, mas sim o efeito que o avanço da ciência poderia ter sobre os humanos.
Como testar se Huxley foi de fato presciente e se o seu vaticínio confirmou-se? É possível reconhecer alguma sociedade com características parecidas com as do Admirável mundo novo?
Veja a íntegra em:

http://www2.uol.com.br/cienciahoje/ch/ch207/apropos.htm

Ciência Hoje Online

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