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Ao Arqueólogo do Futuro


Publicado pela Agência Carta Maior 01/09/2004

Imagina-se endereçando uma mensagem a um arqueólogo do futuro, fornecendo-lhe dados sobre a realidade atual que lhe servissem de apontamentos para o entendimento de nossos dias. A Agência Carta Maior apresenta espaço dedicado a esta inusitada empreitada, com a publicação mensal de textos de importantes intelectuais endereçados ao Arqueólogo do Futuro. O texto de estréia é de Niéde Guidon, arqueóloga. No próximo mês, Eduardo Gaelano, pensador e escritor uruguaio

Niéde Guidon

Caro colega do futuro,
Você está quase no final de um século que vi nascer. No exercício de minha profissão, encontrei indícios, vestígios, e propus hipóteses sobre como vivia o Homem do passado, como usava suas ferramentas, como preparava suas armas.
Meu caro colega, mesmo não sabendo como você é - talvez uma máquina inteligente -, escrevo-lhe como se estivesse dirigindo-me a um Homem. E escrevo-lhe com a emoção de um Homem. Um Homem desse início de século que nos abriga. Caso encontre dificuldade em entender-me, tenho certeza de que poderá recorrer a sofisticados dicionários, a sofisticados programas para computador, que lhe permitirão descobrir o sentido exato das minhas palavras.
No início, todos os Homens viviam como caçadores-coletores. Para adquirir conhecimento e conviver com as outras espécies da natureza, para sobreviver com os parcos recursos biológicos que tinham, esses Homens necessitavam de grande coesão social. O saber era passado dos adultos para os jovens, igualmente. Sabiam que não podiam ter proles numerosas porque, ao contrário dos outros animais, o filhote humano levava anos para aprender e ser capaz de sobreviver só. Todos executavam todas as tarefas, todos eram iguais. Os chefes comandavam com base em sua força física, que, como todos os recursos biológicos, nasce, atinge seu apogeu e definha. Assim, um chefe exercia seu poder durante um tempo limitado, até que um outro membro da tribo, mais jovem, mais forte, o suplantava.
Os Homens temiam a natureza, reconheciam seu poder, um poder que, para eles, emanava de entidades sobrenaturais. E essas entidades sobrenaturais comandavam as águas, os ventos, o fogo, os astros. Seres que viviam por sua conta e cuja passagem pela vida dos Homens era eventual. Os espíritos!
Em um momento dado de nossa história, alguém imaginou como fazer para garantir um poder mais duradouro, que não dependesse unicamente dos recursos biológicos. Como a morte é um fenômeno que assusta a todos os animais, esse alguém imaginou uma história que tratava do além, da existência de seres sobrenaturais, da boa vontade dos quais dependeria a vida e o destino pós-morte de todos os Homens. Os Deuses!
Nesse momento começaram a se diferenciar os Homens. Aqueles que somente sabiam conviver com a natureza, que dependiam de sua força para sobreviver, e aqueles que tratavam com os deuses: os sacerdotes. Os últimos, constituíam uma casta privilegiada, com poder assegurado. Com o poder assegurado, não tinham mais que enfrentar a vida difícil do dia-a-dia, pois recebiam dádivas daqueles que não tinham o poder de tratar com as divindades.
Mas como os Deuses eram muitos, havia a possibilidade de tratar com seus intermediários, e o poder se diluía. Como concentrá-lo, então? Como colocar mais elementos de uma família, de um clã, no exercício do poder?
Novamente um gênio inventou outra forma de poder. Os Deuses escolhiam e davam a um homem o poder para que ele fosse o chefe de todo seu grupo. E esse privilégio passava de pai a filho. Nasceram, assim, as dinastias. O poder concentrava-se cada vez mais.
As sociedades começaram a crescer além dos limites permitidos pela natureza, pois, para que alguns pudessem viver sem fazer nada, além de falar com os Deuses e dar ordens a seus súditos, para que pudessem viver em palácios, mergulhados em rendas e comendo iguarias, deveriam existir milhões de escravos, trabalhando para ter direito ao pão, à água e à procriação, engendrando muitos futuros escravos.
Veja a íntegra em:

http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?coluna=visualiza_arte&id=2349

Agência Carta Maior

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