Gratuita, Bienal quer atrair público de 1 milhão |
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Publicado pelo site Folha Online 22/09/2004 |
(Guilherme Gorgulho)
Com uma expectativa de público de mais de um milhão de pessoas durante os 86 dias em que ficará aberta para visitação, a 26ª Bienal de São Paulo começa no próximo domingo (26) com a proposta de popularizar a produção artística contemporânea com abordagem didática e entrada gratuita.
Sob a curadoria do alemão Alfons Hug, o maior evento de artes plásticas do país --que nesta edição tem como tema \"Território Livre\"-- vai reunir trabalhos de 135 artistas, de 62 países, nos cerca de 30 mil metros quadrados do pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, até o dia 19 de dezembro.
\"A compreensão da arte contemporânea é como o aprendizado de um idioma: tem vários graus de aproximação e de domínio (...). A arte contemporânea pode ser difícil, mas ela não é elitista. (...) Temos que acabar com esse preconceito de que a arte contemporânea seja uma coisa inalcançável\", ponderou hoje o curador durante uma entrevista coletiva. Na última Bienal de São Paulo, em 2002, 670 mil pessoas visitaram a exposição.
Para tentar diminuir o abismo que separa o público comum de pinturas, esculturas e instalações --muitas vezes de difícil interpretação--, a organização da Bienal treinou 400 monitores para orientar os visitantes durante a mostra. A equipe foi selecionada e preparada por meio de uma parceria entre a Faap (Fundação Armando Álvarez Penteado) e o Centro de Estudos e Memória da Juventude.
Além de tentar democratizar o acesso do público à arte, a entrada franca também é apontada pela organização do evento como uma possibilidade de as pessoas conhecerem a Bienal em mais de um dia. \"É impossível digerir todo o volume visual e plástico da Bienal em apenas um dia\", disse Hug.
Dividida em 55 representações nacionais, e com 80 artistas convidados e oito salas especiais, a Bienal 2004 reassume seu papel de descoberta de nomes e de traçar um painel da produção contemporânea, não só das cenas européia e norte-americana, mas incluindo também países da África, Ásia e América Latina.
A exemplo do que aconteceu em 2002, esta edição não terá núcleos históricos, com obras de nomes consagrados das artes plásticas mundiais, o que se tornava um chamariz para o cidadão comum conhecer a Bienal. A exposição \"Picasso na Oca\", por exemplo, a maior do artista espanhol na América Latina, atraiu neste ano mais de 900 mil pessoas em pouco mais de cinco meses. Para Alfons Hug, o \"núcleo histórico não faz falta\". \"Talvez o núcleo histórico fizesse sentido quando os museus brasileiros e as instituições culturais em São Paulo e no Brasil não estavam em condições de apresentar este tipo de mostra.\"
\"Até a década de 90, a Bienal e os poucos museus que existiam em São Paulo apresentavam os clássicos (...). Da década de 90 para cá, o Brasil evoluiu bastante em termos de espaços culturais e em termos de museus. A partir daí, a Bienal entendeu que cabe a ela um papel muito mais objetivo no sentido da busca do artista novo, do artista contemporâneo, numa tentativa extremamente saudável de descobrirmos o Portinari e o Picasso de amanhã\", concordou Manoel Francisco Pires da Costa, presidente da Fundação Bienal de São Paulo.
Mesmo assim, a mostra terá uma sala especial dedicada ao centenário de Cândido Portinari, com a projeção das obras do pintor paulista, além da exibição de 28 telas no espaço cultural da Bolsa de Mercadorias e Futuros, sob a curadoria de João Cândido Portinari, filho do artista.
\"Esta é uma forma que nós encontramos de homenagear artistas do núcleo histórico, mas eu não vejo em absoluto nenhuma preocupação em termos de público. O importante é uma definição política do papel da Bienal na história das artes no Brasil\", explicou Pires da Costa.
Buscando a unidade temática da mostra, apesar da diversidade cultural e estética obtida com uma seleção de trabalhos deste porte, a curadoria decidiu mesclar os artistas convidados e os representantes de cada país, diferentemente dos \"guetos\" criados por separações artificiais feitas no passado.
Veja a íntegra em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u47513.shtml
Folha de S.Paulo
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