Publicado pela Agência Carta Maior 28/10/2004

(Maurício Thuswohl )
Ainda em meados da década de 1990, quando as organizações não-governamentais e outras entidades sem fins lucrativos começaram a desenvolver com mais força projetos voltados à formação profissional de jovens e adolescentes em comunidades carentes no Rio de Janeiro, nasceu a tendência de se utilizar a comunicação como instrumento de estímulo e aproximação com esses jovens. Passados dez anos, diante de um mundo onde a difusão da informação adquire cada vez mais importância, a utilização de métodos audiovisuais já é um dos principais instrumentos das organizações da sociedade civil na formação de jovens e adolescentes. Iniciativas nesse sentido vêm revelando novos atores sociais e ganhando crescente apoio de importantes financiadores. Em 2004, grandes empresas nacionais, como a Petrobras, ou estrangeiras, como a El Paso, estão patrocinando projetos ou fechando parcerias com iniciativas de formação que prometem ganhar força redobrada em 2005.

Agora empenhada em dar maior apoio àquelas iniciativas que tragam algum retorno social concreto, a Petrobras incluiu no seu pacote de parcerias no Rio de Janeiro para o ano que vem dois projetos de formação de jovens e adolescentes através de métodos audiovisuais. A intenção da empresa, segundo sua diretoria, é utilizar o audiovisual como caminho de identificação e integração social dos jovens, além de fortalecer a cidadania nas comunidades onde eles habitam. O projeto Viajando na Telinha verá a luz no ano que vem, enquanto o projeto Olho Vivo, que já existe, deve ganhar novo fôlego.

De acordo com as previsões da ONG Pró-Apoio Comunitário (PAC, que coordena o projeto apoiado pela Petrobras, o Viajando na Telinha deverá atender em 2005 a 240 jovens e adolescentes das favelas Chapéu-Mangueira e Babilônia, situadas no bairro do Leme, na Zona Sul do Rio. "O objetivo do projeto é promover cursos onde os jovens tenham contato e possam adquirir conhecimentos sobre todas as etapas que envolvem a produção de um vídeo, como elaboração de roteiro, operação de câmera e iluminação, entre outras coisas", explica Janaína Domingues, da direção do PAC.

Durante o ano, uma equipe de dez pessoas irá ministrar quatro cursos, com a duração de três meses cada um. Cada curso terá uma turma com 60 alunos, e a intenção dos coordenadores é que, ao final de cada etapa, os jovens realizem uma produção em vídeo. A pré-inscrição para o Viajando na Telinha já está sendo feita, e a seleção se dará de acordo com o interesse do aluno. "O ideal será incluir no projeto jovens que estejam na quinta ou sexta séries, mostrem entusiasmo e tenham bom potencial de desenvolvimento atrás e na frente das câmeras", afirma Janaína. O PAC existe desde 1998 e, nas comunidades onde atua, já coordenou projetos de formação em esportes, informática e até culinária.

Comunicação comunitária
Outro projeto que terá uma injeção de ânimo aplicada pela Petrobras a partir de 2005 é o Olho Vivo, realizado em parceria com a ONG BemTV. Desenvolvido desde o ano passado na favela do Preventório, localizada no município de Niterói, esse projeto proporcionou em 2003 a realização de oficinas de fotografia que formaram 60 jovens daquela comunidade, todos com idade entre 15 e 19 anos. Este ano, com apoio do Instituto C&A, o trabalho se estendeu para oficinas de jornal e vídeo, com 40 e 20 alunos, respectivamente. Coordenadora da BemTV, Márcia Corrêa e Castro conta que, estimulados pelo projeto, os jovens do Preventório já produziram até mesmo um jornal comunitário. "Mexendo com foto, texto e imagem em movimento, estes jovens acabam por tomar consciência de todas as possibilidades de difusão da informação", avalia.
Veja a íntegra em:

http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?id=2487&cd_editoria=012&coluna=reportagens

Agência Carta Maior

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