Destruição de fontes de água ameaça futuro |
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Publicado pela Agência Carta Maior 10/11/2004 |
(Marco Aurélio Weissheimer)
Nos primeiros 50 anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, o mundo perdeu cerca de 62,7% de suas reservas de água potável. A redução mais drástica ocorreu na África, onde houve uma perda de 75% das fontes de água potável. Na seqüência desse ranking macabro, aparece a América Latina, com uma perda de 73%. A prosseguir essa tendência, segundo alerta feito em 1999 pelo Banco Mundial e por inúmeras entidades ambientalistas, a água será, no século XXI, um recurso escasso e estratégico, possível fonte de disputas e guerras, assim como é o petróleo hoje.
Esse é o cenário que acompanha os debates sobre a situação das fontes de água potável no planeta, tema central do II Fórum Internacional das Águas que, de 9 a 13 de novembro, reúne em Porto Alegre autoridades e especialistas de vários países. Promovido pela Associação Riograndense de Imprensa (ARI), com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), governo federal, estadual e prefeitura de Porto Alegre, o Fórum retoma uma agenda que vem sendo negligenciada nos principais debates geopolíticos atuais. Tudo se passa como se o problema ainda permanecesse ao terreno da ficção científica, com a apresentação de cenários futuristas onde a água se transforma numa fonte de disputa bélica entre os povos. Na verdade, esses cenários já se materializam no presente, como no Oriente Médio, por exemplo, onde as fontes de água potável são uma das razões da ocupação de territórios palestinos promovida por Israel.
No início do século XXI, aproximadamente 250 milhões de pessoas, espalhadas em 26 país, sobrevivem enfrentando uma falta crônica do recurso. Segundo previsões da ONU, em 30 anos, esse número deve subir para 3 bilhões, afetando diretamente 52 países.
Escassez de reservas, destruição em excesso
Ao contrário do que muita gente pode imaginar, entre os recursos líquidos, a água doce é minoritária no planeta. Segundo dados apresentados na Conferência da ONU para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, cerca de 97% da água do planeta é salgada e imprópria para o consumo humano, sem tratamentos especiais, ainda muito caros. Apenas 3% das reservas mundiais de água são doces. Destas, cerca de 2,3% estão armazenadas nas geleiras e nas calotas polares. Ou seja, somente 0,7% das reservas de água está no subsolo, lagos e rios. O Brasil ocupa uma posição estratégica nesta disputa, possuindo uma das maiores fontes de água potável do planeta (cerca de 12% da água potável do mundo, o que equivale a algo em torno de 53% das reservas da América Latina).
Esse volume de reservas, no entanto, não é sinônimo de ausência de problemas. Estima-se que o desperdício de água, no Brasil, anda por volta de 40%. Além disso, nas regiões mais pobres do país as redes de abastecimento e saneamento são extremamente precárias. Os especialistas da área prevêem que grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo enfrentarão sérios problemas de abastecimento nos próximos anos. Ao tema do desperdício e da má gestão dos recursos existentes, soma-se a crescente degradação das fontes de água potável em função da poluição causada por indústrias e agroquímicos. Apesar dos insistentes alertas divulgados nos últimos anos, a lógica do lucro imediato continua empurrando com a barriga e agravando um quadro que já é altamente preocupante.
Privatização ameaça direitos fundamentais
Encontros como o Fórum Internacional das Águas têm se multiplicado pelo planeta, sem conseguir, porém, convencer concretamente empresários e governos sobre a necessidade de soluções imediatas para reverter o quadro atual. Se as previsões da ONU e dos especialistas se confirmarem, dentro de três décadas aproximadamente, a população da Terra chegará a 8 bilhões de pessoas, cada vez mais concentrada em torno de grandes cidades.
Veja a íntegra em:
http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?id=2529&cd_editoria=002&coluna=reportagens
Agência Carta Maior
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