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Bienal com cheiro de povo


Publicado pelo site NoMínimo 18/11/2004

(Rodrigo Leite)
Apontando para “Contención”, obra da cubana Geysell Capetillo na 26ª Bienal de São Paulo, Carlos Eduardo Brito Souza descreve o que lhe chamou a atenção: a simplicidade das coisas – bacias, baldes, panelas e banheiras – deixadas no chão, recebendo gotas de canos instalados no teto, que geram um som harmonioso. Carlos Eduardo nunca estivera em uma exposição de arte contemporânea, mas sua descrição é muito semelhante à que a própria artista faz de seu trabalho, sempre voltado para a exploração dos objetos cotidianos.

Carlos Eduardo vive em Itaquera, bairro distante na Zona Leste de São Paulo, e é funcionário de uma escola em Moema, zona vizinha ao Ibirapuera, onde fica a Bienal. Aos 37 anos, acaba de completar o ensino médio e entrar na faculdade de pedagogia. Está, como define, “tentando aprimorar a cultura” para virar professor.

Ele admite que muitas coisas que vê na exposição lhe parecem obscuras, mas gosta da variedade. Puxa a mulher pelo braço para apontar exemplos: a ponte feita com muletas de madeira pelo porto-riquenho José Morales, o tigre que escala o elefante na instalação realista do chinês Huang Yong Ping, a orquídea irrigada artificialmente do sueco Henrik Hakalsson. “Tudo isso para mim tem um impacto logo de cara: é grátis”, diz. “Quando não precisa pagar, o público vem, mesmo quem é da periferia. Se não for assim, fica muito restrito a um pequeno grupo.”

Em 2002, quando os ingressos custavam 12 reais, a Bienal recebeu 670 mil visitantes, o que a tornou, segundo o curador Alfons Hug, a exposição de arte contemporânea mais vista do mundo. Nesta edição, com os portões abertos a todos durante 86 dias (até 19 de dezembro), a expectativa é de que esse número aumente 50 por cento e chegue a 1 milhão. Na semana passada, a célula fotoelétrica que controla o número de visitas e evita filas em catracas já tinha sido acionada 500 mil vezes.

A Fundação Bienal vai iniciar nesta semana uma pesquisa para descobrir o perfil de seu público. É difícil prever como será o cruzamento de tantas diferenças. Há grupos de estudantes anotando obsessivamente as explicações coladas na parede, famílias com crianças, jovens com ar intelectual e senhores compenetrados, de terno, falando línguas estrangeiras. “Para mim, o principal fato desta Bienal é mesmo o acesso livre”, diz o arquiteto Joseir de Oliveira, freqüentador há vários anos. “Desta vez, a diversidade de pessoas é mais importante que a própria exposição.”

Ângela Gonçalves, de 27 anos, também freqüenta a Bienal há anos, desde os tempos do colégio. Quando soube que era grátis, convocou os colegas de trabalho para uma visita numa tarde de sábado. Arregimentou Geovanio Braga, 32, que vive ali perto e só uma vez tivera a curiosidade de entrar no pavilhão projetado por Oscar Niemeyer, para uma feira de esportes. “Bobeei de não ter vindo nos outros anos”, diz ele, que dificilmente estaria lá se a entrada não fosse gratuita. “Muita gente paga qualquer coisa para ver um jogo de futebol, mas não vai ao Masp porque acha caro (o ingresso custa 10 reais). Aqui, mesmo por um valor simbólico, as pessoas imaginam que não vale a pena. Mas durante duas horas eu vi coisas muito diferentes, saí da minha realidade. É como se o mundo inteiro estivesse reunido neste espaço.”
Ser o evento do gênero mais visitado no mundo é motivo de orgulho para a Bienal, mas também pode gerar alguns inconvenientes. Logo no primeiro dia, quando 25 mil pessoas passaram por lá, o pichador que se assina como “Não” deixou sua marca nas instalações dos artistas Jorge Pardo e Mike Nelson. Logo em seguida, a organização resolveu aumentar o número de seguranças de 60 para 100. Adiantou em parte. Casos tão graves não se repetiram, mas a manutenção das obras continua sendo um grande desafio para a equipe de produtores e restauradores.

Leia a íntegra em:

http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=54&textCode=14432&date=currentDate&contentType=html

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