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Artigo de Carla Rodrigues no site NoMínimo 22/11/2004

A anorexia e a bulimia são dois transtornos alimentares que começaram a ser identificados na medicina ainda no século 17, e desde a sua primeira descoberta sempre esteve associado às mulheres. Ainda hoje, 90% dos pacientes de anorexia e bulimia são mulheres na faixa etária entre 12 e 18 anos. Os dois transtornos alimentares alcançaram tamanha dimensão que estão sendo considerados "epidemia mundial" por especialistas internacionais. Na web, blogs, fotologs, grupos de discussão e comunidades no Orkut se transformaram em plataforma de defesa da anorexia e da bulimia como "estilo de vida". "Gordos precisam de dieta para o corpo, magros precisam de ana para alma", professa Netotchka, 16 anos, no seu blog "Anorexics". Ana é o apelido carinhoso com o qual essas meninas se referem à anorexia nervosa, uma doença considerada incurável e atualmente comparável ao que significou, no final do século 19, a histeria.

A associação entre distúrbio alimentar e sociedade contemporânea está em debate em todo o mundo e já saiu do âmbito exclusivamente médico para invadir disciplinas como a psicanálise, a antropologia, a sociologia e a literatura. Lançado no Brasil esse ano, o livro "O que eu amava", de Siri Hustvedt, trata do tema: uma das personagens está fazendo uma pesquisa comparativa entre histeria e transtorno alimentar. Os dados apresentados no livro são reais por que a autora se valeu de uma tese de doutorado da irmã, Asti. Quando esteve no Brasil, em julho, para participar da Festa Literária de Paraty, Siri explicou que escolheu tratar do problema como forma de abordar a repressão às mulheres, antes identificada na histeria, hoje no ideal impossível de magreza. O principal traço em comum entre os dois distúrbios é a tentativa de controle do corpo da mulher, que antes se dava através da repressão a traços tidos como naturais – a obrigação de ser meiga, doce, delicada – e hoje aparece na imposição estética de beleza e magreza.

A associação entre magreza e opressão, entre magreza e necessidade de adequação está presente, por exemplo, no trabalho da psicanalista Silvia Alexim Nunes: "Os modelos de beleza estão desempenhando um papel impositivo, e estabelecem um ideal de feminilidade fora do qual a existência é impossível", diz ela em “De menina a mulher, impasses da feminilidade na cultura contemporânea”. Na leitura dos blogs das adolescentes brasileiras, o que se vê é a defesa do direito a ser anoréxica, num discurso que se utiliza dos argumentos a favor da liberdade individual para fazer valer atitudes como passar dias inteiros bebendo água e comendo apenas uma maçã. É o que elas chamam de "no food", uma das muitas estratégias radicais para alcançar seus objetivos: perder muito peso e rápido. Para chegar as tais metas, elas recorrem a doses excessivas de comprimidos tarja preta, laxantes e vômito provocado, este último característico da bulimia.
Leia a íntegra em:

http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=26&textCode=14472&date=currentDate&contentType=html

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