Álcool afeta desenvolvimento emocional dos filhos |
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Publicado pelo portal da USP 24/11/2004 |
(Diego Mattoso)
Os danos causados pelo consumo de bebida alcoólica vão muito além da saúde de quem tem por vício o álcool. Recente estudo desenvolvido pela Escola de Enfermagem da USP de Ribeirão Preto alerta para o prejuízo que a bebida acarreta no desenvolvimento dos filhos de homens alcoólatras. Intitulada “Maturidade Emocional e Avaliação Comportamental de Crianças Filhas de Alcoolistas”, a pesquisa aponta as alterações de comportamento e as desordens de personalidade que essas crianças apresentam em função do hábito de seus pais.
“Bebida alcoólica é droga, mas a sociedade não a vê dessa forma. Não basta a informação, mas a formação em relação ao alcoolismo, o que inclui prevenção e tratamento”, diz a autora da pesquisa, Joseane de Souza. “É preciso que a prevenção seja incentivada. As crianças devem ser incluídas nos tratamentos que os alcoólatras recebem e programas nas escolas precisam ser criados”.
A pesquisa é uma reavaliação dos dados levantados em outro estudo, feito por Daniela Zanotti e apresentada na mesma Escola, a partir de testes com as crianças e questionários respondidos pelas mães. As disfunções emocionais, como insegurança e timidez, foram reveladas nos meninos filhos de alcoolistas. Mas é entre as meninas que os graus de retraimento e insegurança são mais altos, além de apresentarem irritabilidade, impaciência, desobediência e sinais de depressão.
“Há a hipótese de que as meninas apresentam dificuldades emocionais e comportamentais mais claros porque são influenciadas pelo seu envolvimento maior com as mães, que sofrem com o alcoolismo dos maridos”, acredita Joseane, indicando os próximos passos da pesquisa: “Estudaremos a influência do alcoolismo sobre a estrutura familiar, e analisaremos a idéia de que as meninas são mais atentas e sensíveis ao alcoolismo paterno, razão por que demonstram sinais emocionais mais evidentes”.
Mas o estudo alerta também para a leviandade de se atribuir apenas ao vício dos pais o desenvolvimento dessas características comportamentais. Os fatores sociais, culturais e familiares, como a pobreza, o envolvimento em crimes e o divórcio, são constantes nas famílias cujos pais são alcoólatras, o que influencia no desenvolvimento psicológico dos filhos. “Além disso, não é possível fazer generalizações. Essa pesquisa é limitada, com uma amostragem de apenas 40 crianças. Por isso, outras pesquisas devem dar continuidade a esse estudo”, pondera Joseane.
Para saber mais, acesse a pesquisa (arquivo pdf) em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-27102004-153110/publico/mestrado.pdf.
USP
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