Entrevista com Maurício de Sousa |
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Publicado pela Agência Carta Maior 24/11/2004 |
Maurício de Sousa caminha para os 70 anos de idade com o mesmo vigor dos primeiros anos de profissão. São novos personagens e novas mídias nas quais atuarem: internet, cinema e televisão tornam instantâneas os personagens que já se eternizaram no papel. Atuar no efervescente campo da arte-educação. Preservar meticulosamente a memória do que foi feito como base de sustentação para o novo. Aproveitar o crescimento para renovar as equipes de trabalho e, com isso, incorporar novas mentalidades, principalmente na informática...
Crescer parece ser a palavra que melhor traduz este genial brasileiro cuja obra não pára de crescer nunca e que contribuiu, como poucas, para o crescimento de tantos de nós, seus leitores desde a infância. Uma espécie de Monteiro Lobato contemporâneo, Maurício ainda tem a generosidade de expandir a consciência que norteia o trabalho hoje nele centralizado para que, ao contrário do ocorrido com O Sítio do Pica Pau Amarelo, a Turma da Mônica nunca deixe de se renovar, crescer e expandir suas fronteiras para a terra sem fronteiras das grandes obras artísticas da humanidade. Uma obra produzida sim em escala industrial, mas nascida e gestada na mente de um artesão.
Maurício de Sousa conversou com exclusividade com a Agência Carta Maior e contou coisas do começo, do meio e do futuro, pois sua obra parece não ter fim!
Agência Carta Maior Consta que no ano de 1959, você abandonou uma carreira de jornalista policial para tornar-se desenhista profissional...
Maurício de Sousa Sim, sempre foi isto o que desejei, sempre foi este o meu objetivo.
CM A primeira personagem, no entanto, surgiu antes disso?
MS Não, os primeiros personagens, para valer mesmo, foram Bidu e Franjinha, criados e lançados em 1959.
CM Antes disso?
MS Estudos, ensaios... coisas sem expressão.
CM Existem registros destes estudos?
MS Existe, sim...
CM Um dia virão a público?
MS Eu tenho tudo guardado, aliás eu tenho mania de guardar tudo. O problema se dá quando a gente começa a guardar tudo em casa... a mulher não gosta muito disso. Eu tenho meus primeiros estudos, desenhos, até as coisas da escola. Tenho os primeiros desenhos publicados lá no jornal de Mogi das Cruzes, textos... Tenho praticamente tudo o que desenhei arquivado.
CM A paixão pelo ofício continua inabalável, apesar dos tantos anos?
MS Totalmente. Como objetivo, meta e compulsão.
CM Saltando para a década de 70, da qual eu guardo a memória dos dias em que estava sendo alfabetizado, auxiliado inclusive pelos seus gibis: naquela época, a revista da Mônica teve um lançamento de grandes proporções, não foi?
MS Foi lançada com 200 mil exemplares, um número bom. Foi uma tacada forte da Editora Abril, confiando em uma personagem brasileira, e isso foi também histórico, e, desde então, não baixamos a poeira. Dois anos depois, veio o Cebolinha e, em seguida, vieram Magali, Cascão, Chico Bento, Pelezinho, ainda na década de setenta.
CM Nesta época a preferência da garotada dividia-se entre o universo Disney e o universo Maurício de Sousa...
MS Era uma competição braba, na época!
CM Olhando para esta época, a sua obra veio naquele momento colocando-se como uma alternativa...
MS Era uma alternativa mais ao gosto do público-alvo. Eram histórias mais leves, bem-humoradas, temas que diziam mais respeito à realidade dos leitores. Eram fáceis, “digestivas”, com balões menores, textos mais concisos, cores alegres e temas alegres!
CM Isso tudo era intuitivo ou já era fruto de estudos de comportamento do mercado, detecção de público-alvo, suas preferências e estas coisas?
MS Muita coisa da nossa técnica foi pesquisada e estudada e, assim, foi escolhida. Outras tantas foram realmente intuitivas. Juntou tudo.
Leia a íntegra em:
http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?coluna=visualiza_arte&id=2683
Agência Carta Maior
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