> Sistema Documentação
> Memorial da Educação
> Temas Educacionais
> Temas Pedagógicos
> Recursos de Ensino
> Notícias por Temas
> Agenda
> Programa Sala de Leitura
> Publicações Online
> Concursos & Prêmios
> Diário Oficial
> Fundação Mario Covas
Boa noite
Quinta-Feira , 16 de Maio de 2024
>> Notícias
   
 
Neurose ou excesso de segurança?


Publicado pelo caderno Equilíbrio da Folha de S.Paulo 25/11/2004

(Ana Paula de Oliveira)
“Eu passava mal quando tinha de pegar o trem logo pela manhã. Tinha pavor de alguém me seguir, de ser estuprada. Ia rezando até meu destino. Se eu sentia que alguém tentava falar comigo, minhas mãos gelavam, sentia pânico e tinha taquicardia. De tanto medo, não conseguia nem ler, perdia a concentração."A professora em projetos sociais Elaine Camunha, 29, sente um pavor incontrolável da violência sexual. "Nunca fui molestada."
Ela não dorme sozinha nem entra em bancos desacompanhada e sabe que seu medo exacerbado -até de fantasmas, apesar de nunca ter visto um- a atrapalha. "Eu dependo de outras pessoas para fazer certas coisas, mas não tenho medo de assumir: sou medrosa mesmo e nem por isso me considero neurótica."
A violência em si não é objeto específico da medicina. Contudo, o relato de Elaine resume como o medo da violência urbana pode agir na mente e no corpo dos moradores das grandes cidades.
Assim, o excesso de prevenção, regido pelo medo exacerbado, sem limites e infundado, pode desencadear distúrbios mentais -que vão de neurose e paranóia a síndrome do pânico- e, como conseqüência, causa até transtornos físicos -como úlcera, taquicardia, hipertensão e tensão muscular, queda da resistência e aumento de quadros infecciosos.
Identificar o que são simples atitudes preventivas não é tarefa simples. Segundo especialistas ouvidos pelo Equilíbrio, existe uma linha muito tênue que separa a precaução do medo da violência, cujas atitudes extremas, porém não incomuns, levam o cidadão a se privar até de seu direito de ir e vir. Para a Polícia Militar, não existem excessos em se tratando de segurança, ou seja, vale tudo para se proteger.
Para o psiquiatra Olavo Pinto, do International Mood Center, da Universidade da Califórnia (EUA), as pessoas têm vergonha de procurar ajuda, pois se consideram fracas em relação às outras, já que seus medos são incomparavelmente maiores. "Mas não é sinal de fraqueza, é doença e deve ser encarada como tal."
Mas, então, como estabelecer parâmetros de normalidade? É preciso identificar os gatilhos que levam à neurose -distúrbio cujo uso do termo foi banalizado e hoje é obsoleto na comunidade ortodoxa científica-, que não se desenvolve da noite para o dia, mas é construída ao longo da formação da personalidade, de acordo com o psicanalista Noé Marchevsky, da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro.
Assim, fica fácil identificar uma neurose legítima quando certos comportamentos começam a atrapalhar a rotina, seja profissional, amorosa ou familiar. "A pessoa normal tem uns tiquezinhos aqui ou acolá. O problema é ela ser dominada pelo medo", diz Marchevsky.

O CORPO SENTE
Quando aumenta a violência, cresce também a ameaça e a prontidão. A resposta orgânica para esse sentimento é o aumento da pressão e da sudorese. A pessoa passa a enxergar mais coisas do que imagina. "A violência deixa as pessoas mais neuróticas. Existe uma inteligência contra a violência, mas o organismo fica ansioso quando não consegue descobrir uma solução inteligente, seja mística, crédula etc", diz Henrique Del Nero, psiquiatra e filósofo, chefe do Departamento de Ciência Cognitiva da USP.
A solução para controlar as fobias, segundo Del Nero, é desenvolver medidas inteligentes que diminuam a ansiedade. "Não é mudando o mundo, mas uma área da realidade."
É o que muita gente tenta fazer quando está ao volante. Com o crescente aumento de roubos a carros parados em faróis, os motoristas tentam se livrar como podem da ameaça. "Estou sempre de vidro fechado, não deixo ninguém andar comigo com o vidro aberto", diz a artista plástica e paisagista Gica Mesiara, 30, que, apesar de não ter medo de malabaristas no farol -"até me divirto"-, não se distrai. "Estou sempre precavida. Até mesmo se vou dar dinheiro para o malabarista ou para uma criança, abro só um pouquinho do vidro", confessa Mesiara, que nunca foi assaltada no trânsito, mas quase na rua. "Fiquei tão nervosa que tive um chilique. O cara foi embora."
Leia a íntegra em:

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq2511200408.htm

Folha de S.Paulo

Para mais informações clique em AJUDA no menu.

 





Clique aqui para baixar o Acrobat Reader