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Publicado pela Agência Carta Maior 09/12/2004 |
(Augusto Sampaio)
Com obras de 36 artistas, o curador Lauro Cavalcanti equaciona, através da formulação “Tudo é Brasil. Nada é Brasil. Tudo é também Brasil.”, a construção da identidade cultural brasileira. Para tanto, assinala a reinterpretação de cânones europeus e norte-americanos e as fusões impuras de tendências transatlânticas como estratégias adotadas pelos artistas na realização de seus trabalhos.
Este despertar para indagações de nossa identidade é pautado pela antropofagia de Oswald de Andrade e atualizado pelo Tropicalismo. João Gilberto pinçou da bateria de uma escola de samba a matéria-prima para fundar uma nova estética. Nas artes plásticas as fusões do pop, da arte povera e do experimentalismo com as vertentes construtivas proporcionaram desdobramentos desde a década de 1950 até a atualidade. Este é o viés pelo qual Cavalcanti pontua, de maneira livre e despretensiosa, a seleção de obras desta mostra: Geraldo de Barros e Waldemar Cordeiro são representados por trabalhos concretos e pop.
De Cordeiro há também um popcreto. Lygia Pape está presente pela experimentação de diversas linguagens, como objetos, vídeo e instalação. Ferreira Gullar tem seus poemas-objetos reconstruídos em fac-símiles para serem manuseados pelo público. Numa sala branca ouvimos a bossa nova. Em outra, fotos e recortes de depoimentos de compositores, cineastas e escritores assinalam a importância do cinema novo, da música tropicalista e do teatro experimental.
Uma enorme vitrine com revistas contextualiza o final da década de 1960: guerra do Vietnã, maio de 68 em Paris, morte de Che Guevara, americanos na lua, o mito de Marighela, o fim da mini-saia e o casamento de Caetano Veloso.
Nesta exposição há também obras recentes nas quais reconhecemos um nítido esforço para apresentar trabalhos experimentais de qualidade produzidos fora do eixo Rio-São Paulo.
Serviço:
Tudo é Brasil
Itaú Cultural. av. Paulista, 149.
Terça a sexta das 10h às 21h, sábado e domingo das 10h às 19h.
Até 6 de fevereiro de 2005
Legenda das imagens:
de Artur Barrio; “De dentro para fora” e “Simples...”, 1970; tecido e televisão.
de Waldemar Cordeiro; “Popcreto para um popcrítico”; 1964; madeira pintada e colagem.
de Ferreira Gullar; “Noite”, 1959 / reconstrução 2004; acrílica sobre madeira e vinil.
http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?coluna=visualiza_arte&id=2742
Agência Carta Maior
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