Incidência de câncer infantil cresce 1% ao ano |
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Publicado pelo site da Folha Online 11/12/2004 |
A taxa de ocorrência de câncer em crianças tem crescido ao longo das últimas três décadas, afirma uma nova pesquisa.
A Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer estudou dados de 19 países.
A entidade descobriu que houve um aumento de cerca de 1% ao ano no número de casos infantis e de 1,5% anual entre adolescentes, entre os anos 1970 e 1990.
A pesquisa, que destaca serem ainda raros os casos de câncer antes dos 20 anos de idade, está publicada na revista científica The Lancet.
Os cientistas dizem ser impossível apontar um só fator como a causa para o aumento no número de ocorrências.
Miscigenação
Os cientistas sugerem, porém, que um aumento no índice de infecções e mudanças no peso dos bebês ao nascer poderiam ser parte da resposta.
O aumento na miscigenação de diferentes populações também seria outro fator.
Os pesquisadores analisaram 113 mil casos de câncer em crianças e 18 mil em adolescentes durante os anos 70, 80 e 90.
Eles descobriram que o índice de ocorrências na década de 90 foi de 140 casos por cada milhão de crianças e de 193 por milhão de adolescentes.
O aumento foi registrado em todos os tipos de tumores em crianças.
Sobrevivência
Uma boa notícia foi o fato de que as taxas de sobrevivência ao câncer infantil também aumentaram no mesmo período. O índice de sobrevivência subiu para 75% em crianças da Europa Ocidental e 64% para as do Leste Europeu.
Eva Steliarova-Foucher, que comandou os estudos, afirmou: "Nossos resultados provam claramente que houve um aumento da incidência de câncer entre crianças e adolescentes nas últimas décadas, e uma aceleração dessa tendência".
"Podemos apenas especular sobre os possíveis fatores que levaram a esse aumento, com base em resultados de outros estudos. Mas várias pesquisas mostraram uma associação entre maior risco de leucemia e peso excessivo ao nascer", acrescentou ela.
"Os resultados sobre a idade em que as pessoas tiveram filhos não são consistentes, mas alguns estudos revelam um maior risco quando as mães são muito novas ou têm idade avançada e quando o pai tem idade avançada."
O professor Joh Toy, diretor médico da organização Cancer Research da Grã-Bretanha, declarou: "Câncer na infância é incomum, mas quando ocorre é devastador para todos aqueles envolvidos".
"Embora seja uma boa notícia o aumento do índice de sobrevivência, o aumento nas ocorrências relatado neste estudo é motivo de preocupação."
Também escrevendo no The Lancet, Catherine Cole, do hospital Princess Margaret para crianças em Perth, na Austrália, disse que a maioria das crianças com câncer estão no mundo em desenvolvimento.
Ela afirmou que, enquanto 80% das crianças sobrevivem à doença no Ocidente, a maioria das crianças morrem de câncer nos países em desenvolvimento por falta de tratamento médico.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u37823.shtml
Folha Online
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