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Artigo de Dante Donatelli publicado pelo site AOL 14/12/2004 |
Tudo na vida tem um por quê, uma explicação e se não tiver ela estará desprovida de qualquer lógica para nós. Explicar algo para alguém é em suma usar da linguagem, das palavras, para fazer com que o outro entenda o que desejamos.
Mas uma criança de 2 anos, de 3 anos é capaz de compreender tudo que possamos explicar para ela? Não, de forma alguma, por uma simples razão a capacidade lingüística das crianças nesta faixa etária é bastante precária, limitada a uma série de condições neurológicas sob as quais se coloca o desenvolvimento infantil.
Por sermos humano, e não máquina, não existe um dia em que nossas crianças acordam capazes de entender tudo aquilo que desejamos explicar-lhes, porém com uma relação saudável entre pais e filhos, onde a criança seja estimulada constantemente, a entrada na escola de educação infantil por volta dos quatro anos o seu repertório compreensivo já se tornará baste grande e com o passar dos anos será cada vez maior e cada vez mais racional e menos emocional.
Quando uma criança comete um desatino qualquer, bate no irmão, arremessa algo contra o rosto da mãe ou se nega a cumprir uma tarefa básica se coloca a necessidade de dizer por quê para a criança da não aceitação daquele ato. E se ela é capaz de entender as razões do seu argumento ótimo! Pois ao conseguir distinguir a partir de um estado explicativo claro advindo da figura de autoridade do pai ou mãe a criança operando entre a memória e as elaborações lingüísticas saberá que se arremessar novamente o prato de comida para longe porque deseja comer no Mcdonalds, algo acontecerá, esta dito, esta explicado a ela, que nas quartas-feiras à noite não se come no Mcdonalds, mas em casa, porque é mais saudável, mais barato e pronto.
Se mesmo sabendo porque se janta arroz, feijão, purê, salada e um bife a criança insiste em se recusar a comer, arremessa o prato cabe uma única atitude aos pais, agir sobre a criança, primeiro para que ela saiba que pai/mãe quando falam cumprem o que dizem, segundo que quem determina a vida no corpo da casa e, portanto, de todos os filhos são os pais, e não o contrário. Se os pais repreendem a criança ou dão uma palmada é uma questão de momento e o que determina a ação é inteligência dos pais.
Os filhos testarão os pais por anos a fio, até o final da adolescência. Tolamente acreditamos que somente durante ela, a adolescência, isto ocorre. Na verdade é papel do ser filho desafiar, e é dever dos pais se impor diante dos filhos, porém não há imposição possível se não houver antes de tudo um Por Quê que explique e justifique para os filhos as atitudes dos pais, até o limite do que é compreensível para uma criança, e muitas coisas não são nada compreensíveis a uma criança e mesmo a um adolescente.
Aos 8, 9 anos não há como entender o que é a sexualidade humana, privar os filhos de verem cenas em novelas ou programas de TV que não podem ser entendidos é dever dos pais, dizer: “É não porque é não!” é função dos pais, mesmo que saibamos que para tudo tem que haver um Por Quê, existem vários Por Quês que só podem ser respondidos no tempo, dado que a maternidade e a paternidade não é a capacidade de tudo explicar, mas é a arte de tudo entender.
* Dante Donatelli é educador; foi diretor e coordenador educacional em escolas públicas e privadas de São Paulo por 17 anos
http://educacao.aol.com.br/fornecedores/aol/2004/12/14/0001.adp
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